Enquanto avançam os entendimentos para formalização de “federação” partidária entre o Cidadania, partido do governador da Paraíba, João Azevêdo, e o PSDB, partido do deputado federal Pedro Cunha Lima, pré-candidato ao governo do Estado, o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire (PE) reafirmou sua preferência pelo acordo com os tucanos. “Você tem que buscar na federação um partido que tenha maior convergência e identidade com o Cidadania. O Cidadania foi criado como sucessor do PPS numa ideia de renovação, abertura de setores liberais da sociedade junto com a social-democracia. Isso também está no PSDB”, declarou o líder.
– Se eventuais dificuldades internas do Cidadania forem superadas, caminharemos para uma federação de partidos que têm posições em comum e que estiveram juntos em muitos momentos da história recente do País – disse Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB. “A união dos partidos está bem encaminhada”, disse o líder tucano no Senado, Izalci Lucas, do Distrito Federal. Dirigentes estaduais do Cidadania, porém, têm se posicionado publicamente contrários à união. Um congresso do diretório do partido no Pará aprovou, anteontem, moção contra a federação com o PSDB. “Não é do interesse do partido em Minas Gerais. O Cidadania de Minas tem um projeto próprio, está estruturado para disputar a eleição. Uma junção com o PSDB implodiria o partido no Estado, não fica ninguém”, afirmou o deputado João Vítor Xavier, presidente do partido em Minas.
Na pré-campanha de Doria, a prioridade é trabalhar por acordos com o tripé União Brasil, MDB e Cidadania. Ontem, na live do grupo Parlatório, o presidenciável tucano citou, além de Vieira, Moro e os também pré-candidatos Simone Tebet (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD). No caso do MDB, a senadora Simone Tebet (MS) tem recebido apoio de tucanos históricos não alinhados ao governador paulista. “Teremos que ter competência, discernimento, paciência e humildade para construir essa opção fortalecida”, disse Doria, que se descreveu como um “conciliador”. Em uma federação, os partidos não podem concorrer entre si nas eleições majoritárias. Novidade na disputa deste ano, o modelo cria uma “fusão temporária” entre as legendas que precisa durar pelo menos quatro anos. A possibilidade foi criada pelo Congresso no ano passado e regulamentada por resolução do Tribunal Superior Eleitoral. Para siglas menores, a federação oferece a chance de escapar da chamada cláusula de barreira, dispositivo que restringe a atuação parlamentar de um partido que não alcançar determinado percentual de votos.
No retorno do recesso do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal deverá analisar nos próximos dias uma solicitação de prorrogação do prazo para a formalização das federações. O pedido para ampliar o prazo até cinco de agosto foi feito pelo PT, que busca se unir ao PSB e a outros partidos de esquerda. O julgamento está marcado para quarta-feira. O governador da Paraíba, João Azevêdo, é o único do Cidadania que ocupa a chefia de um Executivo estadual e que busca a reeleição. Ele tem deixado claro que não há condições mínimas de convivência com o grupo Cunha Lima, que lhe ataca na mídia.