Nonato Guedes
O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) está em evidência, até agora, como único pré-candidato lançado ao governo da Paraíba pela oposição e, apesar de estar percorrendo municípios de diferentes regiões, mantendo contatos políticos, não registrou avanços maiores quanto à definição sobre projetos para o Estado e muito menos sobre as alianças políticas que pretende celebrar para fortalecer a sua postulação. A oposição ao governador João Azevêdo está dividida, ainda, entre forças de esquerda concentradas no PT, onde o ex-prefeito Luciano Cartaxo aspira concorrer ao Palácio da Redenção, e entre discípulos do bolsonarismo representados, entre outros, pelo deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PSL) e pelo presidente estadual do PTB, Nilvan Ferreira, que em 2020 logrou ir para o segundo turno contra Cícero Lucena à prefeitura de João Pessoa, perdendo, porém, para o pepista.
Há uma expectativa quanto aos passos do senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente do diretório regional do MDB, cuja candidatura ao governo é defendida por setores do partido e contestada por outras facções, estas alinhadas com a reeleição do governador João Azevêdo. Veneziano tenta se viabilizar no campo da centro-esquerda com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato favorito ao Planalto em todas as pesquisas de opinião pública acreditadas que têm sido realizadas até agora. Distanciado da base do governador João Azevêdo, Veneziano deixou escapar, em rede social, que é “plenamente viável” uma candidatura ao governo, mas admitiu que somente anunciará alguma definição depois de concluir entendimentos sobre cujo teor não entrou em detalhes. Ele voltou a se encontrar, ultimamente, com o ex-presidente Lula, para “discutir cenários”, como traduziu.
Em relação a Pedro, que é filho do ex-governador Cássio Cunha Lima, ele está candidato há pouco tempo e se investiu nessa condição depois que o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD) desistiu de concorrer à sucessão estadual, preferindo enfrentar campanha para o mandato à Câmara Federal. Romero, que tinha o apoio declarado de Pedro e do atual prefeito de Campina, Bruno Cunha Lima, acabou manifestando declaração de voto e engajamento na campanha do deputado federal tucano, a quem tratou como um dos quadros valorosos na renovação política do Estado. Com a adesão anunciada a Pedro, Romero pôs um fim nas especulações de que iria apoiar o governador João Azevêdo e, mais do que isso, figurar como candidato a vice na chapa por ele encabeçada em 2022. O ex-senador Cássio festejou a união e deixou claro que nunca teve dúvidas quanto a esse desideratum.
O pré-candidato Pedro Cunha Lima depende, ainda, na formulação de sua estratégia, de definições cruciais no cenário político nacional em relação ao futuro do PSDB. Há condicionantes no meio do caminho diante das articulações que se processam a partir de Brasília para uma formação de federação partidária entre o PSDB e o Cidadania. Há resistências em alguns Estados, como a Paraíba, acerca dessa união. As incompatibilidades notórias no Estado entre o deputado federal Pedro Cunha Lima e o governador João Azevêdo obrigarão a que um ou outro deixe o novo partido originário da formação de federação, se isto vier a se concretizar. Por enquanto, as articulações cessaram porque há dúvidas sobre a própria formação das federações que precisarão ser dirimidas, possivelmente, por tribunais superiores. E as cúpulas partidárias, lá fora, esgotam consultas internas para ajustar decisões à conjuntura nacional.
Na opinião do deputado Pedro Cunha Lima, há espaços para crescimento da sua pré-candidatura, à medida que ela for se consolidando nos contatos políticos e nos acordos que começam a ser fechados em municípios da Paraíba, atraindo, até mesmo, políticos que até então pareciam comprometidos com a candidatura do governador João Azevêdo. O chefe do Executivo, igualmente, mantém a postulação, mas ainda não mergulhou de cabeça nas definições, estando no aguardado de sinalizações que podem advir da conjuntura nacional. Pedro diz que tem na ponta da língua, afiado, o discurso com que se apresentará em praça pública, baseado na construção de uma “nova Paraíba” e na redução de privilégios que ainda subsistem na máquina administrativa. Ele, também, quer fazer um grande debate para incorporar demandas novas à sua plataforma. Avalia que essa estratégia terá amplas condições de impulsionar ou alavancar a candidatura, retirando-a da fase embrionária em que se encontra.