Nonato Guedes
O PSD (Partido Social Democrático), presidido nacionalmente pelo ex-ministro Gilberto Kassab, está “rachado” na Paraíba por causa do apoio de uma ala ao governador João Azevêdo, que também já recebeu convite para ingressar na legenda, enquanto outra facção se diz oposição visceral ao chefe do Executivo, atualmente filiado ao Cidadania. Depois da chegada da vereadora Eva Gouveia (PSD) à administração estadual, na condição de secretária executiva de Articulação Política da Paraíba, vários prefeitos e outros filiados passaram a aderir a Azevêdo. A oposição é comandada pelo prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, e pelo ex-prefeito Romero Rodrigues, que não aceitam a convivência com o gestor estadual.
Romero já esteve cogitado, por um bom tempo, como possível candidato a vice-governador na chapa que Azevêdo encabeçará à reeleição, mas, diante da pressão de aliados (Cunha Lima) em Campina Grande tornou pública uma declaração de apoio e de engajamento à pré-campanha do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo do Estado. A ascensão de Eva ao governo estadual teria provocado represálias contra aliados seus que ocupavam cargos na administração municipal de Campina Grande. O prefeito Bruno Cunha Lima ignorou os protestos contra exonerações que efetuou e salientou que Eva “buscou um caminho diferente do nosso”. Segundo versões, o próprio Azevêdo esteve nos últimos dias em conversas com Gilberto Kassab sobre iminente filiação ao PSD.
O governador paraibano está diante de um verdadeiro “cerco” provocado pela direção nacional do Cidadania, à frentre Roberto Freire (PE), que avança nos entendimentos para a formação de uma federação com o PSDB em apoio à candidatura do governador de São Paulo, João Doria, à presidência da República. Como reflexos dessa federação nos Estados, a Paraíba vive um conflito antecipado entre os grupos do governador e do deputado federal Pedro Cunha Lima, que disputará o governo contra ele, tendo ficado claro que é inviável a permanência no mesmo metro quadrado. Enquanto se espera uma decisão a nível nacional, tucanos locais examinam opções de sobrevivência. Se for confirmado o ingresso do governador na federação com o PSDB, o grupo de Pedro deverá procurar outro rumo. Se Azevêdo for definido como novo filiado do PSD, líderes como Bruno Cunha Lima e Romero Rodrigues poderão fazer o caminho de volta ao PSDB. Romero já definiu que será candidato a deputado federal.
Numa entrevista à CNN Brasil, Gilberto Kassab admitiu que ele e o seu partido não irão apoiar a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Kassab, Bolsonaro “não representa um bom projeto para o país”. Admitiu possibilidade de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno e alertou que o PSD se considera independente em relação ao governo de Jair Bolsonaro, embora este venha tentando atrair filiados do partido para o governo. Há uma pré-candidatura a presidente da República posta dentro do PSD – a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), mas as versões são de que ele se prepara para desistir da postulação, inclusive por não vir pontuando bem em pesquisas de opinião pública com vistas ao pleito vindouro.