Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avaliou que nos termos propostos atualmente a federação em negociação com PT, PV e PCdoB teria “muita dificuldade” de ser aprovada pelo diretório nacional do partido. Apontou como um dos entraves o fato de o PT propor ter 27 membros de um total de 50 que deverão compor a estrutura de comando do órgão que juntará as siglas. Segundo ele, se o PSB decidisse chancelar a união, o partido perderia a autonomia. Instrumento criado no ano passado, a federação prevê que os partidos se unam por quatro anos, em âmbito nacional, estadual e municipal.
– O essencial a ser examinado é se o PSB quer continuar tendo sua política e decidindo as coisas essenciais ou se quer estar numa estrutura que tem essa configuração, com a maioria de um partido. Tem que decidir se deseja entregar o seu destino a essa federação – acrescentou. O presidente do PSB ainda afirma que espera “reciprocidade” do PT em palanques estaduais e destacou a necessidade de os partidos fazerem acenos ao centro, além de ressaltar a importância da aliança com Geraldo Alckmin (sem partido). Siqueira adiantou que o mais provável é a sigla apoiar a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com ele, o que está em pauta, no momento, é a discussão de como a federação funcionará e essas normas deverão ter um centro, que é o comando da federação. “A questão da federação não está diretamente ligada às questões estaduais, das candidaturas em que queremos o apoio do PT. São conversas que caminham em paralelo, então. São coisas distintas, muito embora o que for definido sobre os governos estaduais tenha uma repercussão também sobre a decisão que vamos tomar sobre a federação”, frisou. Para ele, é compreensível que o PT queira ter um número maior de representantes na assembleia geral da federação, mas não precisa ser um número tão expressivo. “Pode ser melhorado se eles refletirem e concluírem que precisa ter um equilíbrio na composição. Por isso eu proponho que se agregue a questão dos prefeitos, porque isso daria um equilíbrio a todos”.
Carlos Siqueira alertou que tem procurado não se posicionar, pelo menos publicamente, a respeito do assunto porque há divergências dentro do partido. “Nesta fase quero apenas colher as opiniões e formar minha convicção para convocar o diretório nacional”. Feita a federação, conforme ele, não podem existir dois candidatos nos Estados. “Na federação só pode haver um candidato. Portanto, ela funciona como um único partido, daí sua compexldade”. Conclui que, quando se trata de partidos como PSB e PT, já houve conflitos em grandes cidades. Em 2020, por exemplo, o PSB não apoiou o PT nem teve apoio no Recife. A candidata petista foi Marília Arraes. E se já houvesse a federação, a candidata seria a Marília porque o PT tem a maioria. Isso pode ser um problema nas eleições municipais”, preveniu Carlos Siqueira. Em 2020, Marília Arraes foi derrotada e ganhou o candidato João Campos, do PSB. “A federação pode até acontecer, mas esses problemas precisam ser examinados para que os partidos se sintam protegidos”, arrematou.