Nonato Guedes
Haverá apenas uma vaga ao Senado em disputa nas eleições deste ano pela representação política da Paraíba – a que foi conquistada por José Maranhão e que, com sua morte, passou a ser exercida por Nilda Gondim, mãe de Veneziano Vital do Rêgo (MDB). Mas o cenário de prováveis candidatos a senador, que começou polarizado entre os nomes dos deputados federais Efraim Filho (DEM-União Brasil) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), ampliou-se pelo menos em termos de especulações na mídia ou de pretensões anunciadas, de tal sorte que já há uma verdadeira inflação de supostos pretendentes. Nos últimos dias, ganhou evidência a especulação em torno da pré-candidatura do deputado federal Hugo Motta, presidente do Republicanos no Estado. O parlamentar empenha-se, sobretudo, para que o Republicanos seja protagonista na realidade política local contemporânea, como força emergente.
Motta, que está no terceiro mandato de deputado federal, ganhou carta-branca da cúpula nacional do Republicanos, presidida por Marcos Pereira, para fortalecer a legenda na Paraíba e promover composições que a envolvam em chapa majoritária. Ele já deu passos importantes para tornar maior a bancada paraibana do partido na Câmara, mediante as promessas de filiações dos deputados Wilson Santiago (PTB) e Edna Henrique (PSDB), que aguardam apenas a abertura da janela partidária em março para migrar de sigla. Hugo também atraiu o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, que ainda está no PSB formalmente mas vinha incursionando pelas fileiras do Avante, presidido pela sua mulher. Afirma-se que se o Republicanos não lançar nome ao Senado, Galdino será o nome indicado para compor chapa com o governador João Azevêdo, na condição de candidato a vice-governador.
O evento promovido esta semana pelo Republicanos em João Pessoa equivaleu, na opinião dos analistas, a uma demonstração de força e de prestígio. Além de atrair promessas de filiação à legenda, o deputado Hugo Motta foi prestigiado por líderes de outros partidos como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, do PP, e o secretário de Comunicação do governo do Estado, Nonato Bandeira, do Cidadania. O deputado Hugo Motta ganhou repercussão nacional, recentemente, no papel de relator da PEC dos Precatórios, que gerou controvérsias no Congresso Nacional. Com base eleitoral principal em Patos e na região das Espinharas, o parlamentar tem ampliado seu raio de atuação por outras localidades e se mobilizado na abordagem de temas de interesse público contemplando segmentos diferentes da sociedade. É reconhecido como um político de diálogo.
No plano nacional, como adiantou o presidente Marcos Pereira, o Republicanos aguarda os contornos ou desdobramentos da formação de federação, admitindo que há fortes divisões internas quanto às eleições presidenciais, com preferências pelo apoio a Jair Bolsonaro, pelo apoio a Luiz Inácio Lula da Silva ou pela composição com outros pré-candidatos que se anunciam ao Palácio do Planalto. No âmbito local, o apoio do Republicanos é cortejado tanto pelo esquema do governador João Azevêdo como por esquemas de oposição. O partido se estrutura com base no pragmatismo político dentro de objetivos definidos, que são a sua expansão e o incremento da sua influência nas tomadas de decisões. Na Paraíba, é palpável o empenho para qualificar o Republicanos na categoria de protagonistas da cena estadual, desbancando outros atores que vinham se insinuando à ocupação de espaços.
Além de Efraim Filho, Aguinaldo Ribeiro e Hugo Motta, são cogitados como opções para o Senado os nomes de Bruno Roberto (PL), filho do deputado federal Wellington Roberto, do pastor Sérgio Queiroz, na chamada faixa conservadora, e, no espectro da esquerda o nome do ex-governador Ricardo Coutinho, refiliado ao PT, que tem a preferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para vir a representar o Estado no Senado. Coutinho depende, porém, de resgatar sua elegibilidade, que, por enquanto, está impedida por decisão do TSE. Em última hipótese, Ricardo tenta dispor de pelo menos um salvo-conduto para poder se candidatar, ao tempo em que o mérito do seu caso é apreciado por instâncias competentes. É evidente que o quadro de opções ao Senado vai encorpar, mas até isso acontecer algumas pré-candidaturas poderão se consolidar. É o que espera, por exemplo, o deputado federal Efraim Filho, o mais articulado, aparentemente, na estratégia para se firmar à disputa. Quanto ao Republicanos, persistirá na estratégia de dividir espaços com outros personagens.