O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE), disse hoje em entrevista ao UOL que foi um erro o partido ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. “Temos uma autocrítica: foi impensado e fomos empurrados para essa postura”, ressaltou, acrescentando que “ainda assim, o assunto já é coisa do passado” e o foco, agora, é buscar uma aliança com o PT para construir um “retorno plural da nossa democracia”. Na época, o líder do PSB que ficou ostensivamente ao lado de Dilma foi o então governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que se refiliou ultimamente ao PT.
Questionado sobre o que quis dizer ao falar que os políticos do PSB foram “empurrados” para o endosso ao impeachment, Carlos Siqueira frisou que houve uma forte pressão dos “sistemas de comunicação e do meio financeiro” para apoiar a queda de Dilma. Ele deixou claro que “a legenda não errou sozinha”, explicando que por ocasião do processo o PSB não foi procurado pelo presidente nacional do PT, que era o deputado Rui Falcão (SP). “Ele não me deu um telefonema”, afirmou, avaliando que o Partido dos Trabalhadores teve “falta de articulação” com aliados históricos. Na oportunidade da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o PSB tinha 32 parlamentares na Casa. Destes, 29 votaram a favor da saída da petista e três, contra. Não foram registradas abstenções ou ausências.
Ao comentar a possível entrada do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido) no PSB, como forma de se viabilizar como vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chapa presidencial para as eleições de outubro, Carlos Siqueira ponderou que a filiação só depende de Alckmin. “Ele é convidado, bem-vindo e só não vem se não quiser, e também só não será vice-candidato se o presidente Lula não quiser”, destacou Siqueira, que disse ainda que o PSB não deve insistir para que o ex-governador se filie à legenda. “Ele (Alckmin) sabe que tem amigos aqui, então sabe que pode vir”, acrescentou. “E todos sabemos que ele é um homem muito cauteloso, não toma decisões precipitadas”, salientou.
O ingresso de Alckmin, rival histórico de Lula, na vice do petista, começou a ser costurado por Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB), ambos pré-candidatos ao governo de São Paulo. Na última segunda-feira, França disse que a ida de Alckmin para o PSB estava praticamente certa. O ex-tucano já está com a ficha de filiação em mãos, mas está aguardando definições sobre eleições estaduais e a aliança PT-PSDB antes de assiná-la. Para resolver o impasse entre quem deveria sair candidato ao governo de São Paulo em uma eventual aliança – se Haddad ou França – foi sugerida a ideia de realização de prévias entre os partidos formadores da aliança. Mas Siqueira descartou a tese, alegando que o pleito seria um jogo de cartas marcadas, ou seja, Haddad venceria sem maiores problemas, tendo em vista a expressividade do PT ser maior do que a do PSB ou qualquer outro partido que é cogitado para a aliança – no caso, PCdoB e PV. “Prévias só têm gerado confusão, como o que ocorre atualmente no PSDB”, disse Siqueira.