O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin toma posse na noite de hoje como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em cerimônia virtual prevista para as 19h. Será um mandato curto, terminando em agosto, quando Fachin completa dois anos na Corte Eleitoral, tempo máximo que um ministro pode ficar no órgão responsável por organizar e comandar as eleições. Servidores apostam numa gestão sem surpresas, dando continuidade aos trabalhos do antecessor, Luís Roberto Barroso. A nota marcante fica por conta do clima de embates entre o presidente Jair Bolsonaro e o Tribunal Superior Eleitoral, tendo como pano de fundo a própria legitimidade do processo eleitoral brasileiro.
Quem estará no comando do TSE durante o pleito em outubro será Alexandre de Moraes, que assume hoje como vice-presidente. Moraes é o relator de inquéritos policiais que investigam o presidente Bolsonaro no âmbito do Supremo. Fachin assume o cargo no momento em que Bolsonaro volta a atacar o processo eleitoral. Em 5 de janeiro e em 11 de fevereiro, o presidente voltou a dizer, sem apresentar evidências, que as urnas eletrônicas possuem fragilidades e “dezenas de vulnerabilidades”. A resposta da Corte veio poucos dias depois, quando Bolsonaro viajou à Rússia. Barroso comparou uma eventual ajuda russa para dar “segurança às urnas eletrônicas” a um programa humorístico.
No dia em que Bolsonaro se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma entrevista de Fachin em que ele afirma que a Justiça Eleitoral do país já pode estar sob ataque de hackers, inclusive da Rússia, “que não tem legislação adequada de controle”. Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro disse que Fachin fazia “ataques gratuitos” à Rússia. E voltou a criticar as urnas eletrônicas. “Se as urnas são invioláveis, por que temer possíveis hackers?”, reclamou. É nesse clima hostil que haverá a posse na noite de hoje, mas tudo será visto apenas por videoconferência, sem convidados e sem jornalistas. Apenas ministros do TSE estarão no plenário, segundo a assessoria. Jair Bolsonaro foi convidado em 7 de fevereiro, mas nem sequer respondeu se iria ao evento. Ele não participará nem mesmo remotamente. A mesa será composta, por meio eletrônico, pelo vice-presidente Hamilton Mourão, segundo informou o TSE.