Nonato Guedes
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez coro à bancada evangélica e criticou os deputados que votaram a favor da proposta que legaliza cassinos, bingos e jogo do bicho no Brasil, aprovada esta semana pela Câmara. A entidade divulgou em sua página na internet a lista de votação e alertou que este é um ano eleitoral, sugerindo que o eleitor católico avalie se ajudará a reeleger quem votou favoravelmente ao projeto. Da Paraíba, a maioria dos deputados votou a favor do texto-base do projeto, matéria que foi aprovada com o placar de 246 votos a 202. Votaram favoravelmente os deputados paraibanos Wellington Roberto (PL), Gervásio Maia (PSB), Leonardo Gadelha (PSC), Patrick Dorneles (PSD), Ruy Carneiro (PSDB), Hugo Motta (Republicanos) e Julian Lemos (União Brasil).
Manifestaram-se contrariamente à proposta os deputados Damião Feliciano, do PDT, Aguinaldo Ribeiro, do PP e Frei Anastácio Ribeiro, do PT. Os deputados federais Wilson Santiago (PTB) e Efraim Filho (União Brasil) não votaram. Ontem, o presidente da CNBB e arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou: “Cumprindo o que assumimos em nossos pronunciamentos oficiais, indicamos o link da Câmara onde se pode verificar como cada parlamentar votou. É importante, principalmente neste ano eleitoral, avaliar a posição assumida”. Para a entidade, a legalização dos jogos “traz consigo prejuízos irreparáveis, morais, sociais e, particularmente, familiares”.
– A CNBB reitera sua posição contrária a essa iniciativa e continuará acompanhando as próximas etapas dessa tramitação, na firme esperança de que o bom senso e a lucidez consigam reverter essa equivocada decisão – acrescentou o religioso. O projeto teve sua votação concluída, ontem, e será analisado agora pelo Senado. No último dia primeiro, a CNBB defendeu que a votação fosse presencial e não semipresencial, como ocorreu. “Na prática, limita o debate, camufla as posições e facilita as artimanhas regimentais”. Para a entidade, o voto favorável ao jogo é, na prática, “um voto de desprezo pela vida, pela família e pelos seus valores fundamentais”.
O líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (União-RJ), criticou a posição do governo em relação ao assunto. “Reconheço e agradeço o esforço do presidente Jair Bolsonaro na votação dos jogos de azar. Entretanto, ficou provado que o governo está minado ideologicamente quando a liderança do governo libera na orientação de bancada. Com isso, mostra fragilidade de conceito ideológico. Lamentável”, escreveu no Twitter. O deputado se refere à posição do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de liberar a bancada governista para votar como quisesse.