O deputado federal Luciano Bivar, presidente do União Brasil, o partido com a maior bancada da Câmara, confirmou em entrevista à revista “Veja” que está envolvido numa operação que pode impactar a disputa presidencial, a partir de uma possível aliança entre a sua legenda, o MDB e o PSDB. O União e o MDB já acertaram uma coligação, embora tenham descartado formar uma federação entre si. Apesar das dificuldades em rivalizar com os candidatos favoritos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Bivar disse estar confiante em que as três siglas e outros representantes do centro vão caminhar juntos e definir um candidato único na corrida ao Palácio do Planalto.
– A campanha ainda não alcançou o grande público – explica Bivar, um ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, que hoje tece muitas críticas ao mandatário. Entre elas, a de que Bolsonaro se afastou de dois importantes compromissos assumidos em 2018: a defesa do estado de direito e o foco na economia de mercado. O dirigente do União Brasil não acredita que as eleições deste ano fiquem resumidas a um embate entre Lula e Bolsonaro, dizendo que nas eleições realizadas em 1989, Fernando Collor de Mello veio a aparecer com força apenas a partir de agosto daquele ano. “O jogo de 2022 ainda não começou”, assevera.
Segundo Luciano Bivar, a campanha política vai começar a engrenar somente após a acomodação da janela partidária em abril. “É claro que quando você tem o nome de um candidato que esteve dezesseis anos no poder, como Lula, e outro, que está no poder agora, é natural que eles apareçam na frente das pesquisas. Mas ainda há um campo de indefinição muito grande. Nós acreditamos que um candidato que não seja nem de uma direita fundamentalista nem de uma esquerda estatizante terá muito espaço para crescer nessa campanha”, acentuou. Bivar avalia o ex-juiz Sergio Moro, do Podemos, como uma figura importante no processo político, mas adverte que a troca de partido é uma decisão dele. “Por aqui não tem porta fechada”, enfatizou. O União Brasil nasceu da fusão entre o Democratas (DEM) e o Partido Social Liberal (PSL).
Nas declarações à “Veja”, Luciano Bivar arrematou seu prognóstico otimista sobre perspectivas de uma terceira via: “Tenho certeza de que essa terceira via vai marchar unida em torno de um só nome. Ninguém apostava que nós faríamos a fusão com o DEM e nós fizemos. Essa desconfiança que alguns analistas têm hoje, eu ouço dentro da minha própria casa, do meu próprio partido. Mas vai acontecer. Quem está fazendo mais esforço pela terceira via somos nós. A gente já deu uma prova inequívoca de que queremos aglutinar forças democráticas para defendermos um projeto de país. O Brasil precisa disso. E assim faremos”.