Nonato Guedes
Deputados estaduais que fazem oposição ao governador João Azevêdo (PSB) tentam formar um bloco coeso para atuar em plenário no ano eleitoral, mas divergências ideológicas ou ligadas à eleição presidencial dificultam, até agora, um entendimento. Os parlamentares preparam-se para escolher um novo líder da bancada de oposição na ALPB, em substituição ao deputado Cabo Gilberto, do PSL, e a deputada Camila Toscano, do PSDB, tenta agendar uma reunião para definir consenso a respeito. A participação, porém, de deputados como Jeová Campos, Estela Bezerra e Cida Ramos, ligados ao ex-governador Ricardo Coutinho (PT) é um dos fatores determinantes do impasse.
O deputado Cabo Gilberto disse que, de sua parte, receberia de bom grado no bloco de oposição os deputados “ricardistas”, mas seu colega Wallber Virgolino, também bolsonarista ortodoxo, repudiou tais declarações e anunciou que, de sua parte, prefere atuar sozinho. “Eu não tenho condições de conviver com os ricardistas calvarianos. Não posso conviver com essa gente. Na política do vale tudo, eu serei contido pelos meus limites morais e éticos. Não aceito compor com ex-presidiários”, reagiu Virgolino, do Patriota, referindo-se à operação Calvário, do Gaeco, que apura desvio de verbas nas áreas da Saúde e da Educação no governo de Ricardo Coutinho, que se encerrou em dezembro de 2018.
A nova oposição ao governo João Azevêdo terá uma configuração dividida, agregando deputados aliados de Ricardo, que tenta viabilizar sua pré-candidatura ao Senado pelo PT em aliança com o senador Veneziano Vital (MDB) ao governo, deputados bolsonaristas (Cabo Gilberto, Caio Roberto, do PL e Wallber Virgulino), os tucanos Camila Toscano e Tovar Correia Lima e o Dr. Érico, que recentemente anunciou sua filiação ao MDB. “Acredito que podemos chegar a um consenso sobre pontos mínimos de oposição ao governo João Azevêdo”, afirmou Camila Toscano, que é vice-líder da bancada de oposição. A deputada Cida Ramos, nova aquisição do PT, considera que a oposição a Azevêdo pode ser um elo comum entre os parlamentares, apontando que o chefe do Executivo “traiu compromissos assumidos”. O líder do governo, deputado Wilson Filho, não acredita em fortalecimento da oposição na Assembleia Legislativa. “Os deputados que estão se apresentando como opositores sempre exerceram esse papel”, comentou, dizendo-se confiante quanto à maioria governista na Casa de Epitácio Pessoa.