Nonato Guedes
O deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, continua focado no seu projeto como pré-candidato ao Senado, indiferente à pretensão idêntica do deputado Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, e passou a evitar posições de confronto tanto com Ribeiro como com o governador João Azevêdo (PSB), de quem espera apoio como reciprocidade pela colaboração e lealdade que tem emprestado à atual administração e pelo empenho em favorecer o Estado, inclusive, como coordenador da bancada federal em Brasília. Pelo teor das suas últimas declarações, a opção do governador pelo apoio à candidatura do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República não altera o curso da sua própria história. Efraim seguirá, na corrida ao Planalto, a orientação que for expressa pelo seu partido, onde uma ala defende apoio a Jair Bolsonaro (PL) e outra ainda aposta em candidatura própria ou “terceira via”.
Nos meios políticos, afirma-se que a postura de Efraim é coerente, ainda que pareça contraditória por se diferenciar, no caso da sucessão presidencial, da atitude do governador. Aliás, em algumas áreas chegou a causar estranheza a afirmação de Azevêdo de que só aceitará na sua chapa quem votar em Lula, ignorando que o seu próprio projeto à reeleição é uma construção que envolve líderes de partidos diferentes, que no primeiro turno poderão ter candidatos próprios a presidente como estratégia de auto-fortalecimento. Azevêdo, conforme algumas fontes, teria que ter compreensão para com as peculiaridades de cada partido. O arco de sustentação política do governador não é necessariamente de coloração esquerdista; também abriga expressões do centro e da direita moderada. E, no plano nacional, o ex-presidente Lula está se compondo até com adversários históricos do PT, como o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, aliás, mereceu elogios do gestor paraibano depois de anunciar iminente filiação ao PSB.
O que ficou claro, das últimas declarações do deputado Efraim Filho, é a irreversibilidade do seu projeto de candidatar-se ao Senado. No começo, tratava-se de uma mera aspiração, de um sonho de ascensão comum a políticos que estão trilhando escalada de destaque, quer no cenário estadual, quer no cenário nacional. Hoje, a candidatura a senador é projeto que já não pertence mais ao deputado Efraim Filho, diante dos avanços que ele protagonizou na empreitada desenvolvida durante pelo menos um ano para carrear apoios e consolidar adesões a suas ideias. A jornada de Efraim já registrou baixas por causa de rompimentos políticos com o governador João Azevêdo, como se deu com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), hoje convertido em pré-candidato ao governo em dobradinha com o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) ao Senado. Nem por isso Efraim retirou-se da base do governador. Mas também não vê razões para retirar sua postulação ou refrear no projeto que abraçou.
Quanto a propostas que são insinuadas para que o deputado Efraim Filho aceite ser candidato a vice-governador na chapa de João Azevêdo à reeleição nem de longe sensibilizam o parlamentar do União Brasil porque ele não está apenas obstinado, mas, sim, consciente de que seu foco deve ser na conquista da vaga de senador em disputa no pleito de outubro próximo. Correligionários mais radicais de Efraim, aliás, qualificam como “inconveniente” a tática de pressão do deputado Aguinaldo Ribeiro junto ao governador João Azevêdo para obter seu apoio, sugerindo que o parlamentar do PP respeite o mérito com que Efraim tem construído a sua pré-candidatura, de baixo para cima, sem imposição a líderes políticos mas na base do diálogo e da pactuação de compromissos para o futuro. Foi a humildade nessa construção que possibilitou ao deputado Efraim Filho preservar, ainda agora, apoios expressivos que darão respaldo ao embate propriamente dito que enfrentará.
O deputado estadual Ricardo Barbosa, que optou por permanecer no PSB sob a liderança do governador João Azevêdo e que é candidato a deputado federal, cortejando votos do espólio do deputado Efraim Filho, reconheceu em entrevista esta semana o espírito de luta do parlamentar do União Brasil e sua capacidade de articulação com lideranças municipais, admitindo que se torna difícil para ele, a esta altura, recuar da pretensão anunciada. A sugestão feita pelo deputado Ricardo Barbosa, considerada oportuna nos meios políticos, foi no sentido de que o governador João Azevêdo atue para pacificar as alas pró-Efraim e pró-Aguinaldo, adotando critério justo na definição de nomes para a chapa que vai encabeçar à reeleição. Esta opinião de Barbosa não é isolada e reflete o pensamento dominante junto a outros aliados do chefe do Executivo, que respeitam a caminhada empreendida pelo filho do ex-senador Efraim Morais.
Ressalta-se, enfim, que se o projeto do deputado do União Brasil ao Senado está colocado em pauta de forma irreversível, isto quer dizer que ele seguirá caminho independente de apoio ou não do governador João Azevêdo. Não é segredo para ninguém que Efraim Filho tem sido assediado por pré-candidatos ao governo do bloco de oposição a João Azevêdo, com perspectivas ou compromissos de manutenção da sua pretensão ao Senado Federal, um argumento bastante forte que é capaz de produzir reviravoltas na base política governista da Paraíba, como já ocorreu em relação ao senador Veneziano Vital do Rêgo, daí a insistência do deputado Ricardo Barbosa em que “não se perca de vista, nunca, o diálogo”.