Nonato Guedes
O comunicador Nilvan Ferreira, presidente estadual do PTB e pré-candidato ao governo, e o PL presidido pelo deputado federal Wellington Roberto têm avançado nos entendimentos para formatar o palanque do presidente Jair Bolsonaro na sua campanha à reeleição no Estado. Bruno Roberto, filho do deputado Wellington, integrará a chapa conservadora como postulante ao Senado. Essa composição foi comunicada preliminarmente ao próprio Bolsonaro na recente passagem dele por este Estado para inspecionar obras da transposição do rio São Francisco e, até onde se sabe, a receptividade por parte do mandatário foi positiva.
A chapa bolsonarista local ganhou viabilidade depois que Bolsonaro bateu o martelo filiando-se ao Partido Liberal, depois de um bom período desvinculado de legendas e após seu rompimento com o PSL, pelo qual se elegeu em 2018 e que agora fundiu-se com o Democratas, formando o União Brasil. As afinidades entre Nilvan e o “clã” Roberto estreitaram-se e eles deverão monopolizar a coordenação da campanha bolsonarista na Paraíba, sem prejuízo de apoios que possam ser anunciados ao mandatário, como, por exemplo, o do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que é pré-candidato ao governo e o do pastor Sérgio Queiroz, que ocupou cargo no governo federal, filiou-se ao PRTB e anda concedendo entrevistas defendendo teses no papel de candidato majoritário.
Outros políticos bolsonaristas na Paraíba, a exemplo do deputado estadual Cabo Gilberto, tendem a se integrar à composição formada por Nilvan e Bruno Roberto, com acenos de reforço para candidatura que venha a empalmar e que, ao que tudo indica, será no campo proporcional. Ao mesmo tempo em que se articulam para dar capilaridade a uma chapa majoritária, Nilvan Ferreira e Wellington Roberto movimentam-se para a formação de chapas proporcionais com nomes competitivos à Câmara Federal e Assembleia Legislativa. No próximo domingo, o presidente estadual do PL pretende reunir pré-candidatos a deputado federal, visando a definir estratégias para as disputas proporcionais neste ano.
Nilvan Ferreira colocou seu nome à disposição para concorrer ao governo do Estado apostando no “recall” da votação expressiva que obteve como candidato a prefeito de João Pessoa na campanha de 2020, tendo avançado para o segundo turno, em que enfrentou Cícero Lucena, do Partido Progressistas, o vitorioso. Foi o primeiro mandato eletivo disputado por Nilvan Ferreira e sua performance foi considerada surpreendente num universo de 14 candidatos, entre os quais o ex-governador Ricardo Coutinho e o deputado federal Ruy Carneiro. Nilvan concorreu pelo MDB, para o qual foi atraído pelo ex-governador e senador José Maranhão e no qual converteu-se em fenômeno político na Capital paraibana, a ponto de desbancar pesos pesados do cenário local. Com a morte de Maranhão e a ascensão do senador Veneziano Vital do Rêgo ao comando do diretório emedebista, Ferreira sentiu-se deslocado na sigla e migrou para o PTB, onde foi alvo de atenções especiais do comandante nacional Roberto Jefferson.
Embora adversários políticos de Nilvan duvidem que ele mantenha até o fim o projeto de candidatar-se ao governo do Estado, o comunicador segue conciliando sua atividade profissional com a carreira política e vale-se das redes sociais para externar críticas ao governo João Azevêdo, do PSB, e ao ex-governador Ricardo Coutinho, atualmente no PT, com a mesma ênfase com que defende incondicionalmente o governo do presidente Jair Bolsonaro. Nilvan tem se oferecido, inclusive, para divulgar supostas obras e ações do governo federal na Paraíba que, segundo ele, estariam sido omitidas pela gestão atual. Esse alinhamento incondicional com o mandatário sensibilizou Bolsonaro, que também tem reclamado da falta de crédito por parte de governadores a iniciativas que têm o seu carimbo.
O bloco bolsonarista na Paraíba tende a ser reforçado na campanha vindoura pela candidatura de um filho do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a deputado federal, prevendo-se que será intenso o fluxo de figuras de destaque nos escalões de poder de Brasília na disputa eleitoral em nosso Estado, faltando definir como se dará a agenda política-eleitoral do presidente da República na Paraíba. Aliás, os bolsonaristas fazem figa e cruzam os dedos na esperança de que Bolsonaro não desista de concorrer à reeleição. O presidente voltou a alimentar dúvidas nos últimos dias quando insinuou que está ansioso para “passar o bastão” a quem for eleito e, fora do poder, ter a liberdade de ir à praia. Os bolsonaristas lembram que, justamente agora, o presidente dá sinais de crescimento em pesquisas de opinião pública, o que pode sinalizar perspectivas de vantagem que ele venha a empalmar no curso da disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.