Nonato Guedes
O cenário da pré-disputa ao governo da Paraíba, do início do ano até agora, mantém-se com seis nomes em evidência, mas sofreu modificações, e a expectativa, hoje, é sobre o futuro da pré-candidatura da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que não avança na conquista de apoios. A chamada “reviravolta” se deu com o lançamento do senador Veneziano Vital do Rêgo pelo MDB, em aliança com uma ala do Partido dos Trabalhadores, apoiando a pré-candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho ao Senado. Até então, Veneziano vinha assumindo pacto de compromisso com a pré-candidatura do governador João Azevêdo (PSB) à reeleição, mas alegou fissuras na relação com o chefe do Executivo e pleitos não correspondidos para empalmar uma candidatura própria. Vem se desdobrando na busca de apoios em diferentes regiões do Estado e prometendo compensar municípios com obras e ações que não teriam sido executadas pela atual administração.
Além dele e do governador João Azevêdo, que postula a reeleição e conseguiu, num movimento espetacular, retornar aos quadros do PSB para tentar situar-se na base de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida pelo Planalto, mantêm-se no páreo a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, que tem o apoio da direção nacional, o deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, o comunicador Nilvan Ferreira, do PTB, e a pedagoga Adjany Simplício pelo PSOL. Deixaram a corrida eleitoral o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSD, que será candidato a deputado federal, o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT, que disputará mandato de deputado e o deputado estadual Cabo Gilberto, nova aquisição do PL do presidente Jair Bolsonaro e apoiador declarado da candidatura de Nilvan Ferreira. Romero Rodrigues está engajado à campanha de Pedro Cunha Lima.
O governador João Azevêdo, teoricamente, é quem desponta em pesquisas de intenção de voto com melhor cacife, na primeira posição, seguido pelo deputado federal Pedro Cunha Lima, filho do ex-governador Cássio Cunha Lima. Enfronhado na pauta administrativa de rotina, Azevêdo ainda não se preocupou em avançar pistas sobre definições para a vice-governança e para o Senado. Nesta última disputa, inclusive, persiste a competição entre os deputados federais Efraim Filho (União Brasil) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas) para assegurar o apoio do governador João Azevêdo, com ambos invocando argumentos peculiares para legitimar as respectivas pretensões. O desafio de Azevêdo é o de manter os dois parlamentares na sua base de sustentação, independente da preferência que vier a externar quanto à indicação ao Senado.
Por outro lado, com a aproximação do senador Veneziano Vital do Rêgo com líderes petistas e sua reiterada declaração de apoio à candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto, o PT da Paraíba reconsiderou a hipótese de candidatura própria ao governo do Estado, enquanto a direção e algumas das principais lideranças acenaram com a ideia de composição em torno do nome do emedebista. Mas o partido está irremediavelmente dividido, uma vez que uma corrente não menos expressiva, que acolhe o deputado federal Frei Anastácio Ribeiro e o deputado estadual Anísio Maia, está fechada com a intenção de voto no governador João Azevêdo, prestigiando frequentemente atos que são comandados pelo chefe do Executivo. O ex-presidente Lula tem evitado envolver-se na disputa paraibana e ainda não definiu a data de sua visita ao Estado.
No que diz respeito à vice-governadora Lígia Feliciano, foi quem menos avançou até o momento na construção de apoios relevantes ou decisivos para dar substância ao seu projeto de candidatura ao governo do Estado. Ela tem tido reafirmação de apoio por parte do presidente nacional Carlos Luppi, que destaca a sua credencial para tentar tornar-se a primeira governadora eleita na Paraíba, ressaltando, também, o seu preparo e conhecimento de problemas da realidade local, tendo em vista que é vice-governadora pela segunda vez (na primeira, com Ricardo Coutinho). Fora daí, Lígia e o marido, deputado federal Damião Feliciano, ensaiaram articulações para que ela viesse a ter o apoio do PT paraibano, mas a vice-governadora foi atropelada por Veneziano, que se fez mais rápido nas gestões, indo diretamente ao ex-presidente Lula para amealhar simpatias.
Há uma grande expectativa quanto ao desempenho de Lígia ou à possibilidade, não descartada, de que ela venha a também desistir do páreo, por absoluta falta de apoios ou alianças mais expressivas que respaldem o projeto de poder rumo ao Palácio da Redenção. Nas postagens em redes sociais, a vice-governadora passa a ideia de que sua postulação é irreversível, mas não apresenta argumentos sólidos para embasá-la, de tal forma que não enseja qualquer tropismo ou adesão rumo ao seu projeto. Quanto ao senador Veneziano Vital do Rêgo e ao deputado federal Pedro Cunha Lina, travarão uma batalha peculiar em Campina Grande para saber quem levará vantagem no segundo colégio eleitoral do Estado. Em paralelo, duelarão em todo o Estado no tira-teima para saber quem vai a um segundo turno contra João Azevêdo, que, em meio a oscilações, deve perdurar na liderança do páreo.