A senadora Simone Tebet (MDB-MS) tenta se viabilizar como pré-candidata à presidência da República, embora não tenha sua postulação levada a sério por uma parte importante do seu próprio partido. Para postulantes interessados em comandar a terceira via na corrida eleitoral deste ano, Simone seria apenas a “vice perfeita”, na condição de única mulher no páreo. Entretanto, segundo reportagem da revista “Veja”, nos últimos dias o MDB engatou negociações mais produtivas para a composição de uma aliança com o União Brasil, que é o maior partido na Câmara mas não tem um candidato forte ao Planalto, e, sendo assim, Simone finalmente começou a ser encarada como uma opção com verdadeiro potencial de crescimento.
“Com a ajuda de uma estrutura de campanha sólida e de uma agenda pública para se apresentar ao país, Simone trabalha firme com o objetivo de atrair apoios dos caciques a fim de se viabilizar”, informa a “Veja”. A senadora planeja viagens para o Rio de Janeiro e o Paraná nas duas próximas semanas, bem como um giro pelo Norte e Nordeste, na sequência. O pretexto para as viagens é o de “conhecer o Brasil que deu certo”, visitando projetos de desenvolvimento que poderiam ser expandidos em seu eventual governo, de forma a construir pontes com lideranças locais para superar a falta de cabos eleitorais que sobram aos dois líderes das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Paralelamente, em busca da construção de uma ideia de gestora competente, Simone fechou acordo com a economista Elena Landau para chefiar seu programa econômico, sob a coordenação do ex-governador gaúcho Germano Rigotto e contratou o marqueteiro Felipe Soutello, profissional de São Paulo que fez a campanha vencedora de Bruno Covas ao comando da cidade em 2020. Simone vem mantendo ainda canais de diálogo com os demais presidenciáveis da terceira via, como Sergio Moro, do Podemos e João Doria, do PSDB, em um jogo de aproximação que ainda considera que um poderá ser vice de outro. Nessas conversas, a definição do titular da candidatura em geral é associada à posição nas pesquisas eleitorais. Doria tem 3% das intenções, o que na prática o coloca tecnicamente empatado com Simone, que tem 1%, segundo o Índice 2022, agregador de pesquisas de “Veja”. Os contatos com o governador paulista costumam ter a participação do presidente do MDB, Baleia Rossi, que tem canais com João Doria.
A hipótese de um casamento entre MDB e União Brasil é dada como certa. No último dia 22, o presidente nacional do União, Luciano Bivar, se reuniu com Baleia Rossi, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) e o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para tratar da aliança em torno de uma candidatura da terceira via. A ideia de formação de uma federação, que chegou a ser cogitada, deu lugar à proposta de uma coligação entre essas siglas, podendo incluir-se o próprio PSDB, embora Doria não dê sinais de que pretenda abandonar o páreo. Simone teve uma atuação destacada na CPI da Pandemia no Senado Federal e, como dispõe de baixa rejeição, até por ser pouco conhecida, teria potencial para crescer, sobretudo porque poderá contar com o maior tempo de TV e recursos para a campanha. Além disso, Simone ajudaria na estratégia de liberar candidatos em Estados que desejam apoiar nomes rivais por questões regionais. Líderes emedebistas afirmam que a candidatura de Simone é “um projeto em construção”, não descartando que venha a evoluir no cenário político nacional.