Nonato Guedes
O evento de comemoração do aniversário do deputado federal Efraim Filho (União Brasil), pré-candidato ao Senado, ontem, numa casa de recepções no Jacaré, em Cabedelo, serviu para uma demonstração de força e de prestígio do parlamentar, que reuniu público expressivo de apoiadores e atraiu políticos de grupos distintos como os que são ligados ao governador João Azevêdo (PSB) e os que votam no deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo. Na ocasião, Efraim fez desabafos sobre manobras para afastá-lo do páreo, repetiu o chavão de que seu projeto é como foguete, “não tem mais como dar ré”, lembrou que apenas uma vaga estará em jogo “e só vai quem é arrochado”. Por fim, foi pro tudo ou nada ao admitir que pode ser candidato na chapa do governador ou na chapa de Cunha Lima, que são adversários.
No discurso, dirigido para os militantes da sua pré-campanha, Efraim Filho prognosticou que sairá vencedor do páreo para representar a Paraíba no Senado Federal e desabafou ter recebido propostas de barganha, como a de ser candidato a vice-governador, mas que as recusou diante da obstinação em conquistar espaço no Congresso Nacional, onde espera oferecer contribuição relevante na discussão dos problemas do país e, particularmente, do Estado, ampliando a atuação que já vem exercendo na Câmara dos Deputados. O deputado do União Brasil também foi enfático ao rechaçar qualquer hipótese de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, embora não tenha feito propaganda ou apologia de outras virtuais candidaturas presidenciais. O apoio a Lula havia sido uma condição imposta por Azevêdo para integrantes da sua chapa a ser ainda definida.
“Sinto-me preparado para estar no Senado e representar condignamente a Paraíba”, expressou o deputado Efraim Filho, assistido pelo pai, Efraim Morais, que foi senador por um mandato, conquistado em 2002 através de aliança com o então candidato a governador Cássio Cunha Lima, que derrotou Roberto Paulino, do PMDB. O jovem parlamentar admite que a conquista de uma vaga no Senado é um sonho sonhado por muitos, mas considera que o seu histórico de atuação na Câmara dos Deputados lhe credencia à obtenção de um posto mais elevado, reiterando seu compromisso com as causas de interesse público. “Meu projeto é a Paraíba”, salientou, em clima de vibração. Efraim Filho disputa apoio, no esquema do governador João Azevêdo, com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Partido Progressista), mas tem demonstrado maior capacidade de mobilização, de que foi exemplo o evento de ontem.
Aguinaldo Ribeiro desenvolve uma pré-campanha burocrática, de gabinete, com agenda esparsa de compromissos ou de eventos políticos, sem o caráter arregimentador que Efraim Filho imprime à sua própria mobilização, agregando, segundo seus cálculos, o apoio de cerca de 125 prefeitos e inúmeras lideranças municipais. A festa de aniversário atraiu políticos como os deputados Adriano Galdino, Hugo Motta e Wilson Santiago (Republicanos) e Ricardo Barbosa (PSB), que defendem a manutenção da aliança com o governador João Azevêdo, bem como Tovar Correia Lima e Leonardo Gadelha, que estão mais próximos da candidatura do deputado Pedro Cunha Lima. “Desde o primeiro momento deixei claro que nosso caminho é disputar o Senado. Essa decisão acontecerá com governo ou sem governo”, pontuou o parlamentar do União Brasil.
A arrancada ensaiada pelo deputado Efraim Filho e que ganhou impulso na tarde de ontem no Jacaré coloca em xeque-mate a liderança do governador João Azevêdo, conforme avaliação de líderes políticos presentes ao evento. Houve rumores, inclusive, de que o deputado Aguinaldo Ribeiro, do PP, estaria sendo convencido a desistir do projeto de concorrer ao Senado pelo bloco governista, aceitando uma composição em torno da vice-governança, embora sua irmã, a já senadora Daniella Ribeiro, tenha assegurado que a postulação de Aguinaldo está “sacramentada”. As expectativas estão voltadas para fatos que deverão se desenrolar durante esta semana e que poderão precipitar um divisor de águas. É visível o esforço do governador João Azevêdo para manter a situação sob controle, mas esse cenário é cada vez mais remoto diante da desenvoltura com que o deputado Efraim Filho age para viabilizar a candidatura ao Senado, independente do carimbo da máquina oficial pilotada pelo governador-candidato à reeleição.