Ao participar de uma visita a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Londrina (PR) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao Congresso Nacional, chamou Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à presidência, de “mentiroso, arrogante” e atacou a política de preços da Petrobras. “Este mesmo juiz, que eu não vou citar o nome dele, que inventou uma mentira junto com os procuradores para me condenar (…) é um juiz cego, mentiroso, arrogante e que não merece o diploma que tem”, disse sobre o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato.
O ex-presidente também afirmou que Moro promoveu uma “destruição da Petrobras” e criticou a política de preços da petroleira. “Estamos pagando gasolina em dólar quando recebemos salário em real, as plataformas são fabricadas em real”, comentou o ex-presidente. “A Petrobras está tendo lucro exorbitante, não para investir em tecnologia e autossuficiência, mas para dividir entre os acionistas”. Aos deputados presentes no encontro, Lula defendeu ainda que os parlamentares progressistas “deveriam agir” para barrar o processo de privatização da Eletrobras.
O petista criticou ainda a composição atual da Câmara e do Senado que, segundo Lula, representa “talvez o pior Congresso que tivemos na história do país”. Depois de criticar o excesso de poder nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira, Lula declarou: “O Congresso Nacional brasileiro nunca esteve tão deformado, antipovo e submisso aos interesses antinacionais como agora”. Questionou o estabelecimento de uma comissão para discutir o semipresidencialismo, defendida por Lira. Segundo Lula, com o esquema do orçamento secreto, a “Câmara passou a governar o país” no lugar do presidente da República.
– Não conseguiram aprovar o parlamentarismo com dois plebiscitos, então vão tentar uma mudança na Constituição para criar o semipresidencialismo. Você elege um presidente, pensa que vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, com orçamento secreto para comprar o voto dos deputados, para fazer todas as desgraceiras que estão fazendo”. Procurado pelo UOL, o ex-juiz Sergio Moro não comentou as declarações. Antes de entrar no governo de Jair Bolsonaro em 2019, Moro condenou Lula, então pré-candidato à Presidência, à prisão, em abril de 2018, decisão posteriormente invalidada pelo STF que considerou que o magistrado foi parcial.