Nonato Guedes
O governador da Paraíba, João Azevêdo, vai a Brasília prestigiar a solenidade de filiação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao PSB, prevista para amanhã. O chefe do Executivo paraibano retornou recentemente aos quadros do PSB, pelo qual foi eleito em 2018 no primeiro turno, e já afirmou que considera Alckmin um “quadro qualificado” e importante para o debate político nacional. João Azevêdo havia migrado para o Cidadania após divergências com o ex-governador Ricardo Coutinho, que atualmente está no PT e pretende disputar o Senado, mas se sentiu incomodado com as articulações para formação de federação entre o Cidadania e o PSDB e acabou aceitando o convite para voltar às hostes socialistas.
Eleitor declarado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Azevêdo luta para estar no palanque do líder petista no Estado, mesmo com a resistência de uma ala comandada por Ricardo Coutinho, que não deseja a sua companhia. A administração de João Azevêdo conta com petistas ocupando secretarias e outros cargos e o governador paraibano é adversário declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem já chegou a polemizar publicamente. Numa das polêmicas, João Azevêdo criticou Bolsonaro por incentivo a “atos antidemocráticos”. O presidente da República, por sua vez, já fez restrições públicas ao comportamento do gestor paraibano, que é um dos expoentes do chamado Consórcio Nordeste, criado para dar autonomia aos Estados e fazer frente a possíveis retaliações do governo federal contra gestores que fazem oposição ao Palácio do Planalto.
Candidato à reeleição, exibindo bom índice de aprovação, no seu retorno ao PSB o governador João Azevêdo procura atrair adesões ao partido, que ficou esvaziado após a saída do grupo do ex-governador Ricardo Coutinho para o PT. O presidente estadual da legenda é o deputado federal Gervásio Maia, que confirmou a influência do chefe do Executivo para fortalecimento do PSB nas próximas eleições. A mais nova adesão anunciada ao partido foi a do deputado Júnior Araújo, representante de Cajazeiras na Assembleia Legislativa. Além de apoiar a escolha de Geraldo Alckmin como possível vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referindo-se à experiência do ex-gestor de São Paulo que foi um dos fundadores do PSDB, João Azevêdo tenta viabilizar uma vinda de Lula ao Estado para diálogo político sobre questões nacionais e questões locais, estas relacionadas à formação de palanques de apoio à sua pré-candidatura ao Planalto.
Ontem, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse que Geraldo Alckmin “tem perfil complementar” ao do ex-presidente Lula, ao comentar a costura de uma chapa entre os dois para as eleições deste ano. Para o ex-ministro da Educação, Alckmin tem condições de reaproximar à candidatura de Lula “setores que se afastaram do petista nos últimos anos”. Em nível nacional, o PSB desenha uma federação partidária com o PT mas falta acertar detalhes e acomodar conflitos nos Estados, como a Paraíba. “Alckmin tem uma interlocução interessante com segmentos que podem se reaproximar do Lula. Ele dobra os esforços de interlocução”, afirmou Haddad em conversa com jornalistas antes de um evento do PCdoB no centro de São Paulo. Haddad não descreveu quais setores seriam esses, mas ressaltou a experiência da carreira política de Alckmin, que já foi candidato à Presidência da República e governador de São Paulo por quatro gestões.
A solenidade de filiação de Geraldo Alckmin ao PSB será realizada ao ar livre amanhã, às 10h30, na sede da Fundação João Mangabeira, em Brasília, e contará com a presença do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, do presidente da Fundação João Mangabeira, Márcio França, dos governadores Flávio Dino, do Maranhão, Paulo Câmara, de Pernambuco, Renato Casagrande, do Espírito Santo e João Azevêdo, da Paraíba, além de outras lideranças nacionais do partido. Alckmin deixou o PSDB em dezembro do ano passado depois de trinta e três anos de militância, e tem seu nome fortemente cogitado para vice de Lula em composição no pleito vindouro.