Nonato Guedes
Os partidários do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) festejam o que chamam de “vitória importante” por ele alcançada com a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de revogar o restante das medidas cautelares que pesavam contra ele, criando restrições de locomoção. A decisão liminar atendeu a um pedido impetrado pela defesa do petista e permite que ele se ausente da comarca de João Pessoa sem qualquer restrição. Com isso, foi ampliado o benefício concedido no mês passado pela Sexta Câmara do Superior Tribunal de Justiça, que autorizava a ausência da comarca sem autorização judicial por até sete dias.
Na opinião dos apoiadores de Lula, com liberdade de locomoção assegurada, ele ganha condições para impulsionar sua pré-candidatura ao Senado nas eleições de outubro pelo PT, em aliança com o MDB, apoiando a candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo ao governo. O ex-governador já tem participado de inúmeros eventos nos últimos meses, quer por videoconferência, em debates sobre a conjuntura paraibana e nacional, ou de forma presencial, como visitas a localidades do interior do Estado. Numa dessas visitas, esteve na comunidade indígena em Baía da Traição, acompanhado por líderes petistas como o ex-deputado federal Luiz Couto e pelo próprio senador Veneziano Vital do Rêgo. A luta maior de Ricardo, porém, é com vistas a derrubar restrições do ponto de vista eleitoral.
O ex-governador foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral por supostas condutas vedadas cometidas durante a campanha eleitoral de 2014. Já houve recurso a outras instâncias jurídicas e a expectativa é otimista no “staff” do ex-governador, que acredita que conseguirá registrar chapa para o pleito de outubro.
Independente do desfecho dessa pendência, ele tem salvo-conduto para percorrer o Estado em busca de apoios políticos sem estar preocupado com prazo de retorno à comarca de João Pessoa. Coutinho responde a processos no âmbito da Operação Calvário, conduzida pelo Ministério Público-Gaeco, e que desvendou organização criminosa envolvida no desvio de recursos da Saúde e da Educação, bem como no pagamento de propinas em troca de concessão de facilidades pelo poder público na exploração de serviços essenciais. Com linha direta com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, novamente candidato ao Planalto, Ricardo age ativamente não só para se viabilizar como candidato ao Senado e sair eleito mas, também, para derrotar nas urnas o governador João Azevêdo (PSB), de quem foi aliado e com quem rompeu poucos meses após a investidura dele no governo.