A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, autorizou, ontem, a abertura de um inquérito sobre o ministro da Educação, Milton Ribeiro. O titular do MEC é suspeito de favorecer pastores evangélicos na liberação de recursos públicos pelo ministério aos prefeitos aliados do governo de Jair Bolsonaro. A ministra atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
– A gravidade do quadro descrito é inconteste e não poderia deixar de ser objeto de investigação imediata, aprofundada e elucidativa sobre os fatos e suas consequências, incluídas as penais – afirmou a ministra. O pedido da PGR foi feito na quarta-feira, 23. A ministra ainda autorizou a oitiva do ministro Milton Ribeiro, Gilmar Sants, Arilton Moura, Nilson Caffer, Adelícia Moura, Laerte Dourado, Doutor Sato e Calvet Filho.
Segundo Cármen Lúcia, a indisponibilidade da pretensão investigatória do Estado impede que os órgãos públicos competentes ignorem o que se aponta na notícia, sendo imprescindível a apuração dos fatos relatados, com o consequente e necessário aprofundamento da investigação estatal e conclusão sobre o que foi noticiado. A convocação acontece após uma série de reportagens dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” denunciarem a existência de um “gabinete paralelo” formado por pastores, que controlariam a liberação de verbas e a agenda do Ministério da Educação.
Em uma das matérias é divulgada uma conversa gravada em que Milton Ribeiro disse, em encontro com prefeitos, que o governo prioriza amigos de pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Na conversa, segundo o ministro, a prioridade é atender prefeituras que tenham pedidos de liberação de verba negociados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que integram suposto gabinete paralelo dentro do Ministério da Educação. Cármen Lúcia negou a realização de uma perícia no áudio de Milton Ribeiro. Em live realizada ontem, o presidente Jair Bolsonaro comentou a decisão do STF. “Parabéns à Cármen Lúcia, eu estou muito feliz. E o Milton está muito feliz. Nós esperamos que os prefeitos colaborem com notícias que levem à conclusão. Não é só dizer que fez um pedido de ouro, aí fica complicado”, comentou.