Nonato Guedes
O deputado estadual Anísio Maia, do Partido dos Trabalhadores, reagiu, indignado, à decisão do Conselho de Ética da legenda, tomada em sessão remota, ontem, que resolveu suspendê-lo por um período de seis meses. O parlamentar respondia a um processo em que era acusado de “desobediência” a uma determinação da Executiva Nacional do PT que, nas eleições de 2020 para prefeito de João Pessoa, orientou o apoio do partido à candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho, então no PSB. Da suspensão cabe recurso mas, se for mantida a decisão, Anísio não poderá disputar as eleições deste ano pelo partido, tendo que mudar de sigla até dois de abril, prazo da janela para migração partidária que está em vigor.
Ricardo Coutinho, que perdeu a disputa para a prefeitura da Capital, rompeu com o PSB e voltou às hostes do Partido dos Trabalhadores, juntamente com aliados como os deputados Jeová Campos, Cida Ramos e Estela Bezerra. O ex-governador cogita ser candidato ao Senado nas próximas eleições com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em aliança com o senador Veneziano Vital do Rêgo, pré-candidato ao governo pelo MDB. A candidatura de Anísio a prefeito foi aprovada em convenção do PT, bem como coligação com o PCdoB, mas o parlamentar foi desprezado pelo próprio partido. Naquela campanha, o ex-presidente Lula gravou um depoimento em vídeo, apoiando Ricardo, que foi exibido no Guia Eleitoral. Não obstante o péssimo resultado nas urnas, Anísio permaneceu no PT e tem declarado apoio à pré-candidatura de Lula à presidência da República.
A pena de suspensão aplicada pelo Partido dos Trabalhadores alcançou, além de Anísio, três dirigentes históricos da sigla na Paraíba: Anselmo Castilho, Josenilton Feitosa e Giucélia Figueiredo, e tem duração de 90 dias. Já Anísio foi impedido de participar das atividades partidárias pelos próximos seis meses. Os quatro tiveram processos julgados pelo Diretório Nacional do PT, a instância máxima do partido. O presidente estadual do PT, Jackson Macedo, elogiou a militância histórica dos quatro militantes punidos, mas lamentou os fatos ocorridos em 2020 e insistiu em dizer que houve desrespeito a decisões da direção nacional. “Eram decisões conhecidas por todos e, mesmo assim, foram desrespeitadas”, afirmou. Jackson Macêdo chegou a considerar “gravíssima” a movimentação de Anísio Maia naquele período.
O advogado Anselmo Castilho atribuiu responsabilidade pela punição ao ex-governador Ricardo Coutinho, lembrando que ele “é desagregador”. As desfilições do PT deverão ocorrer até a próxima semana e Anselmo já anunciou que vai deixar a sigla, enquanto Anísio já estaria fazendo sondagens para ingressar em um outro partido. Ele tem defendido a candidatura do governador João Azevêdo (PSB) à reeleição, contrariando a direção estadual petista que anunciou apoio à pré-candidatura do emedebista Veneziano Vital do Rêgo. Giucélia Figueiredo, embora visivelmente contrariada com a punição imposta pelo partido, já deu declarações, ontem, informando que não pretende abandonar a sigla e se referindo a quase quarenta anos de militância.