Nonato Guedes
Ainda inconformado com a decisão do PT de aplicar-lhe pena de suspensão, por seis meses, de quaisquer atividades partidárias, como represália por ter mantido a candidatura a prefeito de João Pessoa em 2020 contrariando decisão da Executiva Nacional, o deputado estadual Anísio Maia afirmou que o ex-governador Ricardo Coutinho é o dono da legenda, hoje, na Paraíba. “Entregaram o PT a Ricardo”, pontuou, admitindo ter ficado surpreso com a punição imposta porque imaginava que houvesse democracia dentro do PT. “Na verdade, o desejo dos que estão comandando o PT era o de me expulsar, mas não tiveram coragem”, frisou.
Anísio recebeu manifestações de solidariedade do deputado federal Frei Anastácio Ribeiro e de outras lideranças políticas mas anunciou que está mesmo deixando a sigla e que até o começo de abril deve anunciar sua nova opção no campo da esquerda. Ele está aprofundando consultas para tomar uma deliberação e já foi chamado para ingressar no PCdoB, que integrou a chapa por ele encabeçada às eleições de prefeito da Capital, e pelo PSB, do governador João Azevêdo, a quem ele apoia na Assembleia Legislativa. O parlamentar, porém, informou que continuará engajado na campanha do pré-candidato do PT a presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por considerar que ele “é o único nome, na atual conjuntura, capacitado para enfrentar e derrotar o bolsonarismo nas ruas”.
Na nota oficial que divulgou na sexta-feira, o presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, explicou a punição de Anísio e dos dirigentes Josenilton Feitosa, Anselmo Castilho e Giucélia Figueiredo, salientando que em cidades com mais de 100 mil eleitores as chapas deveriam ser referendadas pela direção nacional petista. E que esta optou, no caso de João Pessoa, em 2020, pelo apoio à candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho, que era filiado ao PSB, à prefeitura. “Estas regras eram do conhecimento de todos e de todas as filiadas do PT, não se justificando qualquer desobediência”, adiantou.
Para Jackson Macêdo, o deputado Anísio Maia e seu grupo perpetraram “um flagrante ato de indisciplina partidária” contra a orientação do PT Nacional. Lembrou que sucessivos recursos foram protocolados na Justiça para que a candidatura de Anísio fosse mantida. “Mas quem resolveu transgredir (as regras), ao arrepio do Estatuto do PT, também sabia que haveria consequência. Pagaram para ver e, após uma cuidadosa tramitação na Comissão de Ética, onde todos tiveram amplo direito de defesa, o processo foi examinado pelo Diretório Nacional do PT que, por unanimidade, decidiu que os filiados envolvidos transgrediram o Estatuto e incorreram em indisciplina partidária”.