Por José Ricardo Porto
O mês de fevereiro deste 2022 marcou o primeiro ano da morte do ex-governador José Targino Maranhão, que foi Governador da Paraíba por três mandatos e com uma carreira política pautada pela coerência e grande capacidade administrativa.
Maranhão iniciou sua vida política em 1954, quando foi eleito deputado estadual pela primeira vez, ainda pelo PTB, o político de Araruna, filho de Benjamim e Dona Yayá, tornou-se um dos nomes mais atuantes no cenário estadual e nacional, sendo Deputado Estadual, Deputado Federal, Senador e Governador da Paraíba.
O governador Zé Maranhão deixou um legado de grandes realizações de obras de infraestrutura e serviços que propiciaram a melhora na qualidade de vida do povo paraibano. Foram conquistas sociais destinadas a assegurar bem-estar, saúde, prosperidade e felicidade para os cidadãos da Paraíba.
Quem não se lembra do Projeto Cooperar, quando Maranhão saiu apagando os candeeiros pelos rincões dos sertões paraibanos, levando luz onde só havia breu nas comunidades interioranas? E das estradas construídas, cortando o Estado? A duplicação da BR-230, uma obra monumental que aproximou João Pessoa de Campina Grande? Como esquecer do Hospital de Trauma e todos os investimentos nas áreas de saúde e educação?
Quando governador dos paraibanos, Maranhão levou obras do estado a todos os municípios. Em alguns, a população nunca tinha visto um governador pessoalmente. Maranhão quebrou essa omissão e foi presente e atuante, levando o governo aonde o povo estava. Não à toa é que foi chamado, carinhosamente, de “Mestre de obras”, em função da grande quantidade de benefícios levados à população paraibana.
Nos municípios mais atingidos pela estiagem, construiu barragens, adutoras e açudes, e chegou a ser denominado de “Zé das Águas”. Em regiões mais pobres, levou energia elétrica.
Para alavancar o progresso e o desenvolvimento, construiu estradas, reformou inúmeras outras. Levou Saúde à feira livre, construiu hospitais, investiu em educação. Enfim, um governo operoso e de muitas conquistas sociais.
Essa trajetória vitoriosa começou lá atrás, como já dissemos, em 1954, ao eleger-se deputado estadual pela primeira vez, pelo PTB. Meu pai, Sílvio Porto, foi contemporâneo e amigo de Maranhão e, assim como o ex-governador, teve o mandato de deputado garroteado pelo golpe militar de 64. Ele sempre proclamou a capacidade de Maranhão e a sua sapiência na solução de qualquer imbróglio político, dos muitos que o ex-governador vivenciou em sua caminhada democrática.
Após ser eleito, em 1954, pelo PTB, Maranhão teve mais dois mandatos de deputado estadual pelo mesmo partido. Em 1967, filiou-se ao MDB, pelo qual voltou a ser eleito deputado estadual, ficando no cargo até 1969, quando foi alijado da vida pública pelo golpe militar. Em 1982, elegeu-se deputado federal constituinte, voltando, também democraticamente, ao cargo em 1986, na legislatura 1987-1991. Em 1990, voltou a concorrer a uma vaga de deputado federal, sendo eleito para o período 1991-1994.
Como parlamentar, na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal, participou de momentos importantes da vida política nacional. Restaurada a Democracia, participou da elaboração da nova Constituinte.
Em 1994, foi eleito vice-governador na chapa de Antônio Mariz, assumindo o mandato em virtude da morte do ilustre titular. Para muitos, Maranhão estava no cargo apenas pela amizade com Mariz, mas no exercício do mandato, após a morte do eminente político sousense, mostrou surpreendente tirocínio administrativo.
No ano de 1998, disputou a candidatura à reeleição ao governo do estado pelo PMDB, vencendo a convenção do partido e, posteriormente, eleito governador com cerca de 80% dos votos válidos, sendo o governador mais votado do país, em termos percentuais, naquele ano.
Posteriormente, em 2002, Maranhão renunciou ao governo do estado para candidatar-se ao senado, sendo eleito o senador mais votado da Paraíba naquela eleição, com 831.083 votos.
Mais adiante, em 2006, disputou, novamente, o governo da Paraíba, desta vez contra o então governador, Cássio Rodrigues da Cunha Lima, que foi eleito em segundo turno à reeleição, com cerca de 51% dos votos, entretanto, em seguida, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, José Maranhão, em 17 de fevereiro de 2009, retornou ao Palácio da Redenção, como governador do Estado.
Foi indicado em 2014 pelo seu partido como candidato a senador da República, cargo pelo qual se elegeu pela segunda vez com 647.271 votos (37,12% dos votos válidos). Em fevereiro de 2015, já no início da nova Legislatura no Congresso, foi eleito Presidente da mais disputada Comissão do Senado: a de Constituição, Justiça e Cidadania, para o biênio 2015/2016.
Lamentavelmente, a covid 19 interrompeu uma trajetória de quem soube, brilhantemente, cuidar do patrimônio público e demonstrar como melhorar as condições de vida da população com uma gestão eficiente, operosa e com responsabilidade administrativa. A Paraíba, hoje, como nunca, sente a falta de José Targino Maranhão, um homem que sempre esteve à frente do seu tempo.