O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato a presidente da República, foi ovacionado ao chegar a um hotel de Brasília na noite de ontem para prestigiar o XV Congresso Constituinte da Autorreforma do PSB, juntamente com o seu pré-candidato a vice, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Lula e Alckmin lá”. O bordão da campanha de 1989 do ex-presidente da República ganhou, ontem, a companhia do antigo adversário Geraldo Alckmin, no dia em que o PSB, a nova casa do ex-tucano, oficializou o apoio à pré-candidatura do petista ao Planalto.
– Seja muito bem-vindo, presidente Lula, ao Partido Socialista Brasileiro – saudou o presidente da legenda, Carlos Siqueira. “Haveremos de vencer este governo nefasto nas próximas eleições”, completou, referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro. Agora filiado ao PSB, Alckmin será o vice da chapa. Siqueira afirmou que o partido pretende apresentar propostas ao comitê de campanha da chapa Lula-Alckmin. “A contribuição eleitoral é muito importante, mas é igualmente importante a contribuição que o partido possa dar nesse momento”. Após a fala inicial de Siqueira, o congresso contou com um ato em homenagem aos 100 anos da Semana da Arte Moderna de 1922. “Lula e Alckmin lá”, disse Antônio Carlos Queiroz, um dos convidados a palestrar no evento do partido que se estende até amanhã, 30.
Também estiveram presentes os governadores João Azevêdo (PB), Renato Casagrande (ES), Paulo Câmara (PE), Carlos Brandão (MA), além do prefeito do Recife, João Campos, e o líder do partido na Câmara, deputado Bira do Pindaré. Entre os petistas compareceram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o líder do partido na Câmara, deputado Reginaldo Lopes e o líder no Senado, Paulo Rocha. A aliança entre Lula e Alckmin, que até pouco tempo atrás era considerada improvável, vem sendo desenhada desde o segundo semestre de 2021. Mas a indicação do ex-governador e ex-adversário do petista foi entregue oficialmente pelo diretório nacional do PSB em um evento em São Paulo no dia 8 de abril, com a presença dos dois. No último dia 13, o diretório nacional do PT aprovou a coligação com o PSB e a indicação a vice na chapa presidencial. Na ocasião, além da aliança, também foi aprovada a federação com o PCdoB e o PV.
No evento de ontem, uma camisa com os dizeres “Lula Presidente” e uma foto do petista com punho cerrado vendida por R$ 50 em uma lojinha montada pelo PSB no saguão do hotel. O item foi sucesso entre os presentes e quase esgotou antes mesmo da cerimônia começar. Uma outra, estampada com uma foto de Alckmin e Lula juntos, era exibida por alguns participantes, mas não vendida no local. Confeccionada pelo Movimento Popular Socialista, a blusa é distribuída apenas internamente, para a militância do PSB. Tanto Lula quanto Alckmin, antigos adversários em disputas presidenciais, falaram sobre a superação de divergências. “Isso (Lula e Alckmin juntos) chama-se política. Isso chama-se maturidade. Isso chama-se compromisso com esse país e compromisso com o povo brasileiro. Nunca antes na história desse país o Brasil precisou tanto de nós como ele está precisando agora”, disse o ex-presidente.
Alckmin afirmou que os dois hoje estão unidos por um dever. “Nós nos defrontamos em eleições, disputamos o mesmo cargo, o fizemos dentro da regra democrática. Hoje estamos unidos por um dever. A política é olhar o interesse público, o interesse das pessoas, é mudar o Brasil. Recuperarmos este país”, afirmou. No início da tarde, Lula participou de evento com dirigentes da Rede organizado pelo senador Randolfe Rodrigues (AP) em um hotel de luxo em Brasília. O encontro reuniu parte das lideranças da sigla, que declarou apoio ao projeto presidencial do PT com Lula. A ex-ministra Marina Silva, fundadora da Rede, não compareceu alegando questões de agenda. No início da noite, antes do evento do PSB, Lula comemorou uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU que concluiu que o ex-presidente sofreu um processo parcial por parte da Justiça brasileira. Peritos apontaram que conversas entre ele e a ex-presidente Dilma Rousseff foram interceptadas ilegalmente.