Nonato Guedes
Depois de vencer a queda-de-braço com o deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, para ocupar a vaga de pré-candidato ao Senado no bloco político do governador João Azevêdo (PSB), o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) sofre intensa pressão para mostrar apoios e votos, ou seja, para provar viabilidade eleitoral na disputa à única vaga em jogo naquela Casa do Congresso. É uma disputa que se prenuncia acirrada porque conta, ainda, com nomes como o do ex-governador Ricardo Coutinho (PT), apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), o próprio Efraim Filho, ancorado na chapa de Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo e declarando-se membro da base bolsonarista, além de Bruno Roberto, que é do PL, o partido do presidente da República.
Os aliados do governador João Azevêdo esperam que Aguinaldo entregue resultados, o quanto antes, em termos de apoios importantes à sua postulação ao Senado, alegando que do somatório de forças depende a sorte de candidaturas proporcionais, à Câmara dos Deputados ou à Assembleia Legislativa do Estado. O campo proporcional é considerado minado, pela diversidade de postulações em diferentes partidos e pelo jogo bruto que já se verifica nos bastidores entre concorrentes, mesmo quando integram os mesmos partidos ou esquemas políticos. A joia da Coroa que é cobiçada incansavelmente é o partido Republicanos, presidido pelo deputado federal Hugo Motta e com nomes como o deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia. O Republicanos tem um pé na candidatura de João Azevêdo ao governo e outro pé na candidatura de Efraim Filho ao Senado, promovendo uma composição que se tornou estranha com o rompimento entre João e Efraim.
O prefeito de Cabedelo, Vítor Hugo, que é filiado ao União Brasil e já declarou que apoia para governador a Veneziano Vital do Rêgo (MDB) em retribuição a benefícios que ele carreou para a cidade portuária, engrossou nas últimas horas o coro da pressão sobre o Republicanos no sentido de que mantenha o compromisso assumido lá atrás com a pré-candidatura de Efraim Filho ao Senado. Em postagem no Twitter, o alcaide cabedelense chegou a insinuar que um recuo do deputado Hugo Motta na sua palavra seria desastroso para a trajetória do representante de Patos, depois de todas as afirmações já assinaladas sobre posicionamento em relação ao páreo. Vítor Hugo disse que já foi prefeito pelo partido que Hugo Motta preside e, pessoalmente, o tem na conta de um político de caráter, com um futuro brilhante na Paraíba. Recuar, a esta altura, seria desgastante, conforme o prefeito.
De sua parte, o deputado Efraim Filho tem adotado como estratégia “colar” no agrupamento político do Republicanos para assegurar de forma irreversível o apoio à sua pré-candidatura ao Senado. Esta semana, cumpriu agenda de eventos, na companhia do próprio deputado federal Hugo Motta, e tem dado declarações à imprensa manifestando confiança na concretização da palavra empenhada. O otimismo de Efraim se baseia, também, no fato de que ele já liberou redutos a deputado federal para postulantes a uma vaga na Câmara pelo Republicanos, diferentemente do deputado Aguinaldo Ribeiro, que em nenhum momento atuou no sentido de tentar transferir ou lotear o espólio eleitoral que lhe é atribuído. Com o andar da carruagem, o lobby junto a Aguinaldo se intensifica, sem que haja sinais, até agora, de resposta mais efetiva ou segura. Afirma-se, também, que supostas investidas de emissários da confiança de Azevêdo para a reversão de apoios a Aguinaldo não teriam surtido grande efeito.
O maior entusiasta da pré-candidatura do deputado Aguinaldo Ribeiro ao Senado, além dele e da sua irmã, a senadora Daniella Ribeiro, presidente estadual do PSD, é o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que foi eleito em 2020 com o apoio do PP e do então candidato a governador João Azevêdo, numa aliança tida por muitos como improvável, mas que não apenas deu certo como tem se estreitado no que diz respeito à parte administrativa, com parceria de resultados em favor da população de João Pessoa. Mas o “xis” da questão está mesmo na posição do Republicanos, que é uma espécie de fiel da balança no processo sucessório paraibano, depois do fortalecimento de quadros e da projeção a que foi alçado. O que se diz nas rodas políticas é que se não vingar o reforço a Aguinaldo, a senadora Daniella estará apostos para concorrer ao próprio governo do Estado, provocando reviravolta no conturbado cenário político-partidário local.