Nonato Guedes
Presidido pelo deputado federal Hugo Motta e agregando políticos de expressão do cenário paraibano, a exemplo do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, o Republicanos está enredado em conflitos para se posicionar na disputa majoritária que será travada em outubro, diante do interesse da maioria em apoiar a candidatura do governador João Azevêdo (PSB) à reeleição e a pré-candidatura do deputado Efraim Filho (União Brasil) ao Senado. Essa posição tornou-se contraditória desde que Efraim rompeu com o esquema político de Azevêdo e passou a perfilar na oposição, aliando-se à pré-candidatura do deputado federal Pedro Cunha Lima, crítico impenitente de João, ao Palácio da Redenção.
Ainda esta semana, em entrevistas a emissoras de rádio de João Pessoa, o vice-prefeito de Cabedelo e pré-candidato a deputado federal Mersinho Lucena (PP), que defende a chapa Azevêdo-Aguinaldo Ribeiro para o governo e Senado, cobrou coerência por parte do Republicanos, alegando que o eleitor não entenderia que esse partido viesse a ter posição ambígua no contexto local. Lucena elogiou a atuação parlamentar de Efraim Filho, mencionando recursos para obras importantes, até mesmo significativas, que ele carreou para o município de Cabedelo, mas frisou que o pré-candidato ao Senado optou por mudar de lado e, pessoalmente, não acredita na sua repatriação ao esquema liderado pelo governador João Azevêdo. Sobre Aguinaldo Ribeiro, acentuou que o Progressistas colocou seu nome à disposição como pré-candidato ao Senado por acreditar que é o melhor para a Paraíba. Disse que Ribeiro tem atuação testada em Brasília e participa de grandes discussões envolvendo a problemática nacional e, em particular, da Paraíba.
O abacaxi está nas mãos do deputado federal Hugo Motta para ser descascado e o dirigente do Republicanos sente que a pressão tem sido intensa para que o partido que preside consiga bater o martelo com urgência, diante da expectativa que reina entre postulantes a outros mandatos eletivos, como deputado federal e deputado federal, para se situar no campo de batalha rumo às urnas em outubro. A indefinição sobre chapa majoritária é prejudicial para o projeto de fortalecimento e expansão do Republicanos, que avançou substancialmente no cenário estadual e credenciou-se como uma espécie de força emergente, com potencial para operar como fiel da balança numa disputa que venha a ser decidida em segundo turno. Não é à toa que o Republicanos tem sido cortejado por diferentes esquemas para compor alianças no pleito vindouro, o que é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo deputado Hugo Motta, que demonstra jogo de cintura e potencial agregador.
Na formulação de cenários para a disputa eleitoral de 2022 na Paraíba chegou-se a cogitar a hipótese de o Republicanos assumir um protagonismo mais forte, como consequência do reforço dos seus quadros e do ambiente de liberdade e camaradagem que, de acordo com as versões, predomina internamente. Deputados que se sentiram deslocados em outras legendas declararam “sentir-se em casa” depois que migraram para o Republicanos, casos de Adriano Galdino e, também, do deputado estadual Raniery Paulino, este egresso do MDB e pré-candidato à Câmara Federal. Raniery deixou o MDB aproveitando a undécima hora da janela partidária por discordar do lançamento da pré-candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo ao governo em aliança com o ex-governador Ricardo Coutinho, justificando que já havia assumido alinhamento com a candidatura do governador João Azevêdo e não pretendia recuar desse compromisso.
O nome do deputado federal Hugo Motta tem sido mencionado como alternativa legítima para liderar ou integrar chapa majoritária – ele já foi lembrado para concorrer ao próprio governo do Estado e, também, a uma vaga no Senado. Nos meios políticos, ninguém duvida que, lá na frente, esse desideratum venha a se concretizar, tanto pela projeção que Motta vem conquistando como porque a renovação de quadros políticos na história da Paraíba favorece essa ascensão ou perspectiva. Mas, no momento, o teste crucial que compete ao representante da região das Espinharas consiste em harmonizar situações no âmbito da chapa majoritária estadual sem provocar prejuízos para a agremiação que ele conduz sem contestação. Hugo Motta já admitiu dialogar com o próprio Aguinaldo Ribeiro, apesar do compromisso da maioria da legenda com Efraim Filho. Os mais otimistas aguardam que esta semana surja alguma luz no fim do túnel, enquanto os filiados do Republicanos fazem figa para uma solução que posicione bem o partido na fotografia das eleições de 2022.