Nonato Guedes
Com o quadro de postulantes ao governo praticamente definido e com o cenário para o Senado ainda em aberto, chama a atenção nos meios políticos paraibanos a disputa acirrada que é travada nos bastidores por uma cadeira na Câmara dos Deputados. Doze vagas estarão em jogo nas eleições de outubro e a perspectiva é de renovação, com diversidade de partidos na representação parlamentar. Um levantamento feito pelo site “Polêmica Paraíba”, com informações colhidas pelo repórter Vítor Azevêdo, projetou palpites de cinco comentaristas políticos, incluindo este escriba, em torno dos prováveis integrantes da Paraíba na próxima legislatura em Brasília. Foram entrevistados, ainda, Rui Galdino, Gildo Araújo, Alan Kardec e Fábio Augusto – e, no geral, as projeções se aproximam ou coincidem.
Mencionei que o PSB do governador João Azevêdo deverá eleger três deputados federais, empatando com o Republicanos como as duas maiores bancadas do Estado naquela Casa Legislativa. Um dos cotados é o ex-secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, estreante em política, que, no entanto, demonstra jogo de cintura no trânsito com a classe política e que se destacou, indiscutivelmente, na etapa mais difícil de enfrentamento à pandemia de covid-19 no Estado. Geraldo Medeiros executou um trabalho eficiente, de resultados, tanto para evitar o colapso da rede pública de saúde como para dar celeridade à campanha de vacinação contra o coronavírus, alcançando grupos sociais distintos, o que colocou a Paraíba em posição de destaque no ranking nacional. A atuação do secretário foi pautada por critérios científicos e por senso de moderação, mantendo-se atento à curva dos casos de covid no Estado para ajustar o planejamento oficial. Essa postura credenciou-o, inclusive, à lembrança para concorrer a cargos executivos na eleição, o que ainda não é descartado (como a hipótese de vice na chapa de João Azevêdo), mas a conquista de uma vaga na Câmara se afigura como mais viável na conjuntura.
Se eleito deputado federal, Geraldo Medeiros deverá fazer companhia ao deputado federal Gervásio Maia, candidato à reeleição, e ao deputado estadual Ricardo Barbosa, que até agora tem construído uma expressiva rede de apoios políticos para a sua pretensão, depois de exercer papel proativo indiscutível na Assembleia Legislativa. Pelo Republicanos, o puxador de votos deverá ser o presidente da legenda, deputado Hugo Motta, que tem se projetado na discussão de temas nacionais e no encaminhamento de demandas específicas do interesse da Paraíba. Além dele, estão bem cotados Murilo Galdino, irmão do deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, e Raniery Paulino, ex-MDB, filho do ex-governador Roberto Paulino, que buscará se viabilizar como um dos representantes da região do Brejo na Câmara Federal.
Pelo “União Brasil”, com a saída do deputado Efraim Filho do páreo para concorrer à vaga ao Senado da República, crescem as chances de reeleição do deputado federal Julian Lemos, que na campanha de 2018 foi coordenador da campanha de Jair Bolsonaro no Nordeste, mas que rompeu com o presidente em meio a divergências com seus filhos, embora continue votando a favor de matérias do interesse do governo em plenário. Da base bolsonarista deverá ser reeleito, pelo PL, o seu presidente estadual, deputado Wellington Roberto, que tem um filho, Bruno, como pré-candidato ao Senado. Wellington foi favorecido amplamente com o ingresso do presidente da República nas fileiras do PL e conseguiu atrair o comunicador Nilvan Ferreira, ex-PTB, para a sigla, com a condição de ser candidato a governo. O deputado estadual Cabo Gilberto Silva, que se anuncia postulante à Câmara, deverá ficar numa das primeiras suplências, surfando no resíduo da onda bolsonarista que ainda perdura no país, em meio à polarização com os lulistas.
Mersinho Lucena, vice-prefeito de Cabedelo e filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, concorrendo pelo Progressistas, Luiz Couto, pelo PT, Ruy Carneiro e Romero Rodrigues, pelo PSC, deverão completar a bancada federal da Paraíba nas próximas eleições. Romero concluiu dois mandatos consecutivos na prefeitura de Campina Grande e chegou a ser cogitado como pré-candidato ao governo. Couto foi candidato ao Senado em 2018 e teve mais votos do que Cássio Cunha Lima (PSDB), embora não tenha sido eleito. Deputados federais atuais como Wilson Santiago (Republicanos), Damião Feliciano (União Brasil) e Frei Anastácio Ribeiro (PT) enfrentarão dificuldades para se reeleger, até em face das novas regras da legislação eleitoral. Deverão ficar em suplências, para as quais também são cotados Rafaela Camaraense (PSB), Rafafá (União Brasil), Estela Bezerra (PT), Lucélio Cartaxo (PT), Mikika Leitão (MDB) e Leonardo Gadelha (PSC). Em princípio, é o panorama que se desenha a dados de hoje para a Câmara dos Deputados.