Nonato Guedes
Apesar de ter uma pré-candidatura própria ao governo do Estado, empalmada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente do diretório regional, o MDB da Paraíba não apoia a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS), que foi escolhida pela cúpula nacional, em comum acordo com as direções do PSDB e Cidadania, para simbolizar a chamada “terceira via” na disputa à presidência da República, polarizada entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O lançamento da senadora Simone não altera nossa posição, que é a de apoio ao ex-presidente Lula”, afirmou o senador Veneziano Vital do Rêgo à imprensa paraibana.
Os três partidos tentam demover o ex-governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, de seu projeto presidencial. Dirigentes das três siglas reuniram-se na última quarta-feira em Brasília para avaliar o desempenho dos nomes viáveis para uma disputa presidencial contra Lula e Bolsonaro – Simone Tebet e João Doria. Contudo, as executivas nacionais dos partidos ainda deverão se reunir, separadamente, para oficializar o nome da senadora Simone Tebet, o que pode ocorrer em 24 de maio. Após a reunião da cúpula, os presidentes do MDB, Baleia Rossi, do Cidadania, Roberto Freire, e do PSDB, Bruno Araújo, garantiram ter chegado a um entendimento em relação à candidatura à presidência da República, tendo se comprometido a submeter o nome ungido à apreciação dos respectivos filiados.
De acordo com o site “Congresso em Foco”, a decisão em torno de candidatura foi tomada após análise de pesquisa qualitativa e quantitativa com os nomes sugeridos para encarnar a disputa em nome da terceira via. Baleia Rossi explicou que a pesquisa trouxe números que são muito positivos na construção de uma unidade de uma melhor via. “Primeiro, o que já foi falado: a sensação de polarização é que ela prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, mais moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros”, enfatizou Baleia Rossi. Já o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, observou que a tentativa de judicialização do processo eleitoral “não tem pé nem cabeça e, por isso, não deverá prosperar mais profundamente”. O impasse em torno da escolha de um representante da “terceira via” se arrasta desde o ano passado e tem provocado polêmica entre os partidos e líderes políticos envolvidos em pré-campanhas eleitorais.
Ao explicar porque não ficou sensibilizado com a perspectiva de uma candidatura própria do MDB à presidência da República, o senador Veneziano Vital do Rêgo lembrou que as conversas com o PT já estão bastante avançadas e, a nível da Paraíba, estão se materializando na construção de uma aliança no pleito majoritário, com ele concorrendo ao governo e o ex-governador Ricardo Coutinho disputando uma vaga no Senado Federal. Veneziano opinou que a escolha pelo apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decorreu da constatação de que a polarização é inevitável no pleito presidencial e que, a esta altura, uma candidatura própria estaria fadada ao fracasso. Ele frisou que respeita a trajetória da senadora Simone Tebet, todavia, entende que há uma tendência do MDB do Nordeste de “fechar” com Lula para derrotar o presidente Jair Bolsonaro, que, a seu ver, é a “pior alternativa” no cenário político.
A falta de visibilidade da senadora Simone Tebet em Estados do Nordeste é alegada como justificativa para o MDB não investir no seu nome, mas o fator determinante tem sido mesmo a posição de liderança que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra em sucessivos levantamentos realizados por institutos diferentes de pesquisa de opinião pública. Sabe-se que na pesquisa quantitativa em poder das cúpulas dos três partidos, João Doria teria vantagem sobre Simone, com 3% contra 1% da emedebista. Mas, no reverso da medalha, a rejeição de João Doria é bem mais alta. Assim sendo, a chance de Doria vir a crescer para além do seu percentual seria bem mais baixa que a chance de Simone. O senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo não está preocupado, porém, em se debruçar sobre essas avaliações. Ele garantiu a uma emissora de rádio da Capital, ontem, que tem autonomia dentro do MDB para tomar a posição que já anunciou e que é de apoio declarado à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.