NONATO GUEDES
O deputado federal Efraim Filho, do União Brasil, avança a passos largos no projeto como pré-candidato à vaga de Senado nas eleições de outubro, consolidando apoios valiosos para sua pretensão. Ainda no domingo, ele iniciou o “Pé na Estrada” pelo município de Pombal, ao lado do deputado federal Hugo Motta, presidente do Republicanos no Estado, e ali recebeu o apoio do prefeito Dr. Verissinho, que, segundo se apurou, foi articulado por Motta. Em João Pessoa, Efraim havia prestigiado o lançamento da pré-candidatura a deputada estadual da Tenente Rebeca pelo PSDB. E em Monteiro, a deputada federal Edna Henrique e o filho Michel, candidato à Assembleia Legislativa, confirmaram estar “fechados” com Efraim na majoritária. “Podem ter certeza que vou honrar todas as pessoas que depositaram em mim a esperança por uma Paraíba ainda melhor”, pontuou o deputado do União Brasil em evento na cidade de Patos.
A movimentação intensa, a cada semana, empreendida por Efraim Filho, contrasta inteiramente com o ritmo lento e burocrático com que se move no páreo o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, que teoricamente ainda admite postular o Senado em aliança com o esquema do governador João Azevêdo (PSB), mas não mostra a mesma desenvoltura do seu êmulo nem consegue sensibilizar parlamentares do Republicanos a fecharem com seu nome. O Republicanos é tido como uma espécie de fiel da balança no cenário político-eleitoral deste ano na Paraíba e tem ambições de protagonismo no poder local mais na frente. Em tese, o partido liderado por Hugo Motta segura o compromisso de apoiar a candidatura do governador João Azevêdo à reeleição, mas demonstra dificuldade para romper com Efraim, que está aliançado com a pré-candidatura ao governo do deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, opositor do atual Executivo.
Os movimentos que Efraim Filho empreende, na opinião de alguns analistas, vão tornando “fato consumado” o compromisso de apoio à sua pré-candidatura que foi manifestado lá atrás, quando ele ainda fazia parte da base governista e tinha a expectativa de ser adotado pelo governador na sua chapa. A ruptura de Efraim com o governo deu-se exatamente em função da demora do chefe do Executivo em coordenar o processo ao Senado, indicando, por exemplo, critérios como o da pesquisa ou o tamanho dos apoios políticos por parte de prefeitos, deputados e outros líderes. Efraim Filho, depois de praticamente um ano de mobilização, concluiu que seria perda de tempo aguardar uma definição oficial e optou por tomar seu próprio rumo, girando nos calcanhares em direção ao bloco do deputado Pedro Cunha Lima, que o acolheu desde então.
A diferença palpável de estratégia entre Efraim Filho e o deputado Aguinaldo Ribeiro é que o primeiro assumiu obstinadamente o projeto de candidatura ao Senado como fruto de uma vocação legítima, nas pegadas do pai, o ex-senador Efraim Morais, enquanto Aguinaldo Ribeiro, que tem a irmã, Daniella, como senadora na atual legislatura, terceirizou decisões e responsabilidades inerentes à definição da sua própria estratégia, delegando ao governador João Azevêdo, por exemplo, a tarefa de repatriar políticos do Republicanos fechados com o seu concorrente. Os próprios deputados que estão sendo cortejados avaliam que a omissão de Aguinaldo tem sido patente no que diz respeito a firmar compromissos de apoio para reforçar sua pré-candidatura. Lembram que Efraim deu partida à sua estratégia liberando redutos para pretendentes à Câmara Federal e contribuindo no rateio e conquista de votos de eleitores para postulantes proporcionais.
Por último, alega-se que há interesse urgente de deputados federais e estaduais em se acomodarem na conjuntura paraibana para a disputa de mandatos eletivos, diante da concorrência desigual ou acirrada que se prenuncia para o páreo, com perspectiva de trucidamento de algumas carreiras políticas aparentemente sólidas. O deputado Efraim Filho, naturalmente, está atento às ameaças de contra-ofensiva fulminante por parte do grupo ligado ao deputado Aguinaldo Ribeiro ou da parte do esquema político influente do governador João Azevêdo. Mas Efraim Filho não recua no seu desideratum e, nos bastidores, opera para agregar mais apoios valiosos, preparando-se para o desafio de ter que compensar eventuais defecções que possam ser engatilhadas de última hora. Em algumas áreas tem-se como pouco provável uma debandada em massa da nau de Efraim Filho, diante da força de muitos compromissos locais (ou pontuais) celebrados. De concreto, a disputa para o Senado vem conseguindo o prodígio de repercutir mais que a pré-campanha ao governo, que se encontra na fase preliminar, a do chamado aquecimento, com ligeiros ensaios por parte de postulantes.