Nonato Guedes
Uma reportagem da revista “Veja” menciona pesquisas mostrando que candidatos a governador nos maiores colégios eleitorais do país ganham impulso quando são identificados como apoiados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito em diversos levantamentos de institutos especializados sobre intenções de votos para o Planalto nas eleições de outubro. Alguns dos levantamentos, como o que foi feito há pouco pelo Instituto Datafolha, apontam, inclusive, possibilidade de vitória de Lula em primeiro turno, no confronto com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é seu principal adversário. “Lula, naturalmente, funciona como um ótimo cabo eleitoral de candidatos a governador”, destaca “Veja”, citando pesquisas Genial/Quaest de maio.
Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, os postulantes que são apoiados por Lula avançam nos números quando identificados com o líder petista: o ex-ministro Fernando Haddad (PT), passa de 30% para 39% em São Paulo, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) sobe de 30% para 43% em Minas Gerais e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) salta de 27% para 40% no Rio de Janeiro. O salto mais impressionante, contudo, é o do candidato do PT na Bahia, o ex-secretário Jerônimo Rodrigues, que passa de 6% para 34% das preferências quando anunciado como candidato de Lula no Estado, governado por petistas desde 2007. Com o ativo eleitoral de Lula em mãos, interessa aos candidatos petistas e aliados em boa parte dos Estados levar o ex-presidente para as campanhas, nas quais PT e PSB ainda têm arestas a aparar na montagem de palanques, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
– Temos as intenções de voto, mas precisamos transformar intenção em voto. Isso se faz com organização em cada Estado – diz o ex-governador do Piauí, Wellington Dias, um dos coordenadores da campanha lulista. Os maiores colégios eleitorais devem ganhar atenção especial do petista, conforme aliados, que relatam intensas requisições por parte de candidatos a governador pela presença do ex-presidente em seus Estados. “A estratégia inclui a presença de Lula e uma boa comunicação para vincular pedagogicamente a ideia de que, para ser reconstruído, o Brasil precisa de governadores aliados de Lula e força no Congresso”, explicou o deputado José Guimarães, outro coordenador da campanha. De acordo com ele, além de palanques robustos nos Estados, as eleições à Câmara Federal e ao Senado constituem outra prioridade do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dentro da estratégia de fortalecer as forças democráticas para o confronto com os apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro.
Lula procura administrar com habilidade os conflitos regionais entre apoiadores de sua candidatura à presidência da República, como se dá na Paraíba. Neste Estado, o governador João Azevêdo, que conseguiu retornar ao PSB e ser admitido na base lulista, enfrenta o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), apoiador declarado de Lula e pré-candidato a governador, tendo como pré-candidato ao Senado o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) que se movimenta para derrubar a inelegibilidade que o alcançou. Azevêdo e Veneziano foram aliados até o ano passado e coube ao senador oficializar o rompimento e devolver cargos do seu grupo na administração estadual. Desde então, Lula tem evitado visitar a Paraíba, embora se comunique por mensagens de video ou áudio, numa das quais citou enfaticamente o nome de Veneziano. Azevêdo, porém, esteve com Lula num evento nacional do PSB e também ganhou fotografias ao lado do ex-presidente.
De acordo com a revista “Veja”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atualmente baseado em São Paulo, onde reside, e lançou sua pré-candidatura ao lado do vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, filiado ao PSB, esteve recentemente em Minas Gerais e no Paraná e nos próximos dias visitará o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com Alckmin a tira-colo. Para este mês de junho, estão previstas viagens do ex-presidente Lula ao Norte e Nordeste, sendo intensa a expectativa na Paraíba quanto à hipótese de figurar no roteiro do candidato favorito à sucessão presidencial no pleito de 2022. Na pesquisa do Instituto BGT/FSB, Lula apareceu com 14 pontos na frente de Jair Bolsonaro, consolidando o que analistas políticos chamam de “posição estável” no quadro das eleições presidenciais. Diante da força dos dois candidatos que lideram pesquisas, alguns dos favoritos nas disputas estaduais buscam desnacionalizar debates locais. O nível de polarização é jamais visto no período democrático no Brasil, conforme opiniões de especialistas políticos.