Nonato Guedes
Os políticos liderados pelo governador João Azevêdo (PSB), pré-candidato à reeleição, aguardam com indisfarçável expectativa a ‘anunciação’ do nome do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, como ‘ungido’ pelo chefe do Executivo para acompanhá-lo na jornada majoritária nas eleições que serão travadas em outubro. Já foi dito, pelo próprio governador, que o convite a Aguinaldo está formalizado e que, sendo assim, cabe a ele se apresentar tanto às bases oficiais como ao eleitorado paraibano. A demora que cerca o processo decorre da própria relutância de Aguinaldo em assumir o projeto sem que estejam equacionadas algumas demandas ou pendências, originadas pela não confirmação de apoio por parte de integrantes do “Republicanos”, partido presidido pelo deputado federal Hugo Motta.
Até onde se sabe, a premissa colocada pelo irmão da senadora Daniella Ribeiro (PSD) para empalmar o desafio é a da unidade integral do esquema político liderado pelo governador João Azevêdo. Já houve conversas diretas entre Ribeiro e expoentes do “Republicanos”, inclusive, com prospecção de redutos que seriam destinados a parlamentares ou candidatos a cargos legislativos no pleito vindouro. Entretanto, as tratativas não evoluíram significativamente no rumo da coesão em bloco e, em paralelo, teriam ressoado críticas pela pouca expressão de alguns redutos eleitorais de Aguinaldo prometidos a virtuais eleitores seus. Na opinião de alguns desses expoentes, áreas oferecidas pelo deputado Efraim Filho (União Brasil), pré-candidato ao Senado na chapa do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) teriam maior capilaridade e seriam, por via de consequência, mais atraentes para favorecer a jornada dos que pedirão votos na eleição proporcional.
Há versões desencontradas – algumas dando conta de que Aguinaldo não estaria, ainda, abrindo inteiramente o jogo para apoiadores, o que cria insegurança da parte dos que enfrentarão concorrência para conquistar uma vaga na Câmara Federal. Pode ser uma estratégia do pré-candidato apoiado pelo governador para se assegurar mais concretamente de apoios que terão que ser repatriados da órbita do deputado Efraim Filho, numa operação sempre complicada por envolver compromissos assumidos lá atrás por prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e deputados estaduais. A resistência propriamente dita ao apoio a Aguinaldo diminuiu, mas persiste a cobrança por redutos mais robustos, de modo a que ninguém se sinta prejudicado quando a campanha mergulhar na fase de radicalização.
Na definição de um interlocutor do governador João Azevêdo, a confirmação dos apoios à pré-candidatura do deputado Aguinaldo Ribeiro é uma tarefa delicada de engenharia e de costura política, que abarca interesses variados e, muitas vezes, conflitantes. No final das contas, todos estão jogando para sustentar a própria sobrevivência, diante da imprevisibilidade da competição, que se tornou recheada de armadilhas legais e eleitorais para os postulantes na campanha deste ano. Tais dificuldades, diga-se de passagem, foram criadas pelos próprios políticos no papel de legisladores, quando optaram por enxertar penduricalhos na legislação ao invés de promover uma reforma política justa e equitativa para todos os participantes dos embates democráticos. Só que argumentos a esse respeito, a esta altura, não têm serventia nenhuma, muito menos o condão de facilitar a multiplicação de votos num gesto de mágica.
O pior, em todo o contexto, é a sensação de perda de tempo que pré-candidatos às eleições proporcionais estão demonstrando, em prejuízo das suas chances de conquistar cadeiras ou se reeleger a mandatos que já exercem. Esse cenário desalentador mexe profundamente com o psicológico de postulantes que investiram alto em sonhos, projetos e ambições e que, de repente, sentem-se vulneráveis no xadrez da política estadual, receosos de não vir a fazer parte de nominatas que cúpulas partidárias idealizaram dentro da proposta de acomodar os apetites em pauta. Em termos concretos, com a temporada de festejos juninos já deflagrada, inúmeros pré-candidatos de outros partidos e esquemas têm cumprido agendas por municípios do interior, avançando na ocupação de espaços, enquanto o esquema oficial parou no anúncio da pré-candidatura do governador à reeleição. Quanto à vice-governança e Senado, há um imenso vazio na chapa de João Azevêdo, o que exige ações que evitem debandada ou o chamado estouro da boiada quando se elevar a temperatura de uma campanha que se prenuncia acirrada na história política da Paraíba.