Nonato Guedes
Presidido pelo deputado federal Hugo Motta, o Republicanos segue disposto a carimbar seu protagonismo nas eleições majoritárias deste ano na Paraíba, quer lançando nomes, quer apoiando nomes, mesmo em chapas simultâneas, ligadas ao governo ou à oposição. O partido, que na semana passada manteve o apoio à pré-candidatura do deputado federal Efraim Filho (União Brasil) ao Senado em paralelo com a posição pró-João Azevêdo (PSB) ao governo, passou a cogitar o nome do deputado estadual Raniery Paulino, dos seus quadros, para compor a vice de Azevêdo no pleito à vista. O argumento é o de que Raniery tem trânsito e respeitabilidade, tanto no Republicanos, ao qual é filiado, como no PP, onde o deputado Aguinaldo Ribeiro reclama a vice para companheiros seus.
O deputado Raniery Paulino é pré-candidato à Câmara Federal e, até o período da janela partidária prevista em lei, estava filiado ao MDB mas em posição desconfortável já que discordou da candidatura própria do senador Veneziano Vital do Rêgo ao governo do Estado, mantendo lealdade à pretensão do governador João Azevêdo à reeleição. Raniery migrou para o Republicanos, onde declarou sentir-se em casa, inteiramente à vontade, por reencontrar antigos parceiros de jornadas políticas, mas seu pai, Roberto Paulino, que já foi vice-governador e governador, e passou a ocupar uma secretaria no governo de João Azevêdo, permaneceu na legenda, em tom desafiador, mesmo mantendo compromisso com o atual chefe do Executivo. Raniery chegou a dar declarações lembrando sua condição de “histórico” do MDB e discípulo do ex-governador José Maranhão, lamentando que o partido, sob o comando de Veneziano, tenha tomado outros rumos e se aliado ao ex-governador Ricardo Coutinho, que voltou ao PT e pleiteia ser candidato ao Senado.
O expansionismo que o Republicanos vem conquistando na cena política estadual já começa a incomodar, visivelmente, outras lideranças políticas de partidos diferentes, que acusam a legenda de “monopolista” ou “hegemonista”. Essa versão é contestada pelo presidente Hugo Motta, que tem procurado enfatizar o caráter democrático das decisões tomadas pela sigla, com liberdade, inclusive, para preferências por chapas distintas que aparentemente não têm espaço para se unir na conjuntura atual. Desde que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro desistiu de postular o Senado no bloco liderado por Azevêdo, preferindo concorrer à reeleição, o PP a que ele pertence passou a reclamar a vice do governador na campanha à reeleição, mas o Republicanos apressou-se em informar que estava cobiçando essa vaga e que não lhe interessava, no momento, apresentar nomes ao Senado. A partir daí, gerou-se um impasse na base do governador João Azevêdo para formação da sua chapa.
Azevêdo tem sido pressionado abertamente pelo PP, através do deputado Aguinaldo Ribeiro e do seu pai, o ex-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro, a “enquadrar” o Republicanos, o que significa levar esse partido a apoiar a chapa fechada que o chefe do Executivo vier a encabeçar, rompendo, nesse caso, o pacto firmado com o deputado federal Efraim Filho. Esse ponto é problemático porque o deputado Hugo Motta não dá sinais de recuo no apoio a Efraim, lembrando, insistentemente, que o pacto com o deputado do União Brasil foi selado quando este integrava a base do governador João Azevêdo e que o entendimento se deu às claras, com o conhecimento da própria opinião pública. A posição de apoio a Efraim para o Senado tem a ver, também, com os redutos à Câmara Federal que ele abriu para expoentes do Republicanos, com quem tem estreitado laços na fase da pré-campanha.
Não obstante as críticas de bastidores ao “expansionismo” do Republicanos, o partido continua sendo cortejado por lideranças políticas da Paraíba em virtude do destaque alcançado no cenário local e das perspectivas futuras de crescimento, em que o próprio deputado Hugo Motta pode vir a disputar o governo do Estado. O governador João Azevêdo, embora não negue divergências pontuais, descarta a hipótese de atritos mais sérios com integrantes do Republicanos, reconhecendo a parceria mantida por eles no sentido de assegurar o clima de governabilidade no Estado. Do lado da oposição, manifestou-se nas últimas horas o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato ao governo, insinuando que as portas estão abertas para uma composição com a legenda. Ou seja: apesar de incertezas ou indefinições, o cacife do Republicanos permanece em alta na realidade política do Estado para as eleições vindouras.
Lembrem-se senhores candidatos, funcionários antigos da FUNDAC, são eleitores, bem como nossos familiares!