Nonato Guedes
Desincompatibilizado de suas atividades na TV Correio, seguindo o que reza a legislação, o pré-candidato a governador Nilvan Ferreira (PL) mergulha mais a fundo na montagem da estrutura de campanha, investindo maciçamente no apoio do presidente Jair Bolsonaro e no discurso de oposição às gestões de João Azevêdo (PSB) no Estado e de Cícero Lucena (PP) na prefeitura da Capital. Em entrevista, ontem, à rádio FM Correio, o comunicador reivindicou a condição de “autêntico” candidato oposicionista no âmbito estadual e deixou claro que não está preocupado em capitalizar apoios de prefeitos e lideranças políticas municipais. Sua estratégia é focada diretamente no contato com o eleitor, nas diferentes regiões, tendo como pano de fundo a discussão dos problemas graves e a proposta de alternativas. Um outro detalhe é que ele tem convicção de que estará presente no segundo turno da disputa pelo governo.
Nilvan Ferreira se dispõe, por exemplo, a apresentar à Paraíba um Plano de Governo que, segundo ele, tenha durabilidade de pelo menos três décadas e que possibilite a retomada dos índices de desenvolvimento econômico e social, em paralelo com investimentos em setores estratégicos, tipo Saúde, Educação e Infraestrutura. Assim é que, nesse contexto, ele colocará na mesa de debates a viabilidade do Porto de Águas Profundas, que teria localização na região de Mataraca – um tema que chegou a ser abordado por ex-gestores como Ricardo Coutinho (PT) mas que nunca saiu do papel. Trata-se, de acordo com o comunicador pré-candidato, uma espécie de “mina” para a Paraíba, e ele estranha que as lideranças políticas locais não tenham se empenhado à altura para levar adiante tal bandeira. Ao mesmo tempo, pretende sugerir na campanha um aproveitamento concreto das águas da transposição do rio São Francisco, não só para suprir carências imediatas da população mas para fazer prosperarem projetos de irrigação e de agricultura familiar.
O pré-candidato a governador pelo PL queixa-se que a Paraíba está bastante atrasada em termos de conquistas e avanços nas esferas econômica e social, com reflexos colaterais por toda a sociedade, no comparativo com outras unidades da região nordestina, que tiveram mais ousadia e capacidade empreendedora e atualmente estão colhendo frutos de iniciativas deflagradas no rumo do progresso ou da emancipação das populações. Para ele, a Paraíba amarga uma competitividade zero na emulação com Estados vizinhos no que diz respeito a obras estruturantes capazes de alavancar o desenvolvimento. Considera que a gestão pilotada pelo governador João Azevêdo acomodou-se, apesar de não faltarem recursos federais, para a assistência na própria pandemia de covid-19 que assolou o território estadual. Esse ciclo de suposta estagnação estaria associado, na sua opinião, à falta de visão no diagnóstico e no gerenciamento dos problemas essenciais.
Nilvan, que acena com a implantação de um Hospital de Trauma no Sertão, a ser localizado na cidade de Patos, e com mudanças relevantes na Educação, pretende cercar-se de uma equipe de alto nível, reunindo docentes da Universidade Federal que são especialistas em áreas distintas, para subsidiar o Plano de Desenvolvimento que será carro-chefe da sua campanha eleitoral. Ele, que fez sua estreia na disputa eleitoral em 2020 como candidato a prefeito de João Pessoa, passando para o segundo turno contra Cícero Lucena, afirma estar preparado para assumir os destinos do povo paraibano, alegando que tem sensibilidade para com as demandas e que conhece, de perto, muitos dos problemas que persistem na Agenda Paraíba, sem solução por parte dos últimos governos. A sua crença é de que o discurso como “autêntico” candidato de oposição vai lhe assegurar uma vaga no segundo turno na sucessão estadual.
O comunicador avalia que o “staff” do governador João Azevêdo vinha concebendo uma vitória por W.O. nas eleições de outubro, mas teria percebido que a conjuntura é outra e que será árdua a batalha do gestor pela sua reeleição ao Palácio da Redenção. Não obstante, o pré-candidato do PL salienta que não está disposto a fazer alianças a qualquer preço para chegar ao governo, caso se confirme o seu prognóstico de que estará no segundo turno. Não recusará apoios de eleitores de quem quer que seja, mas no campo da oposição paraibana poderá restringir aliança ao PSDB, que tem como pré-candidato o deputado federal Pedro Cunha Lima. No fundo, ele parece apostar que a eleição de 2022 será uma miniatura amplificada da eleição da Capital em 2020, com abordagem mais ampla das questões, porém, com um forte sentimento de mudança. “Os modelos administrativos que têm sido testados na Paraíba até agora chegaram à exaustão e, por via de consequência, cansaram o eleitor. Ele quer um modelo diferente, uma proposta nova, revolucionária”, resume o candidato da direita ao Palácio da Redenção.