Nonato Guedes
Faltando menos de três semanas para início do prazo para as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto, a construção das chapas nos Estados entra na reta final com uma série de arestas para serem aparadas. Uma reportagem da “Folha de S. Paulo” revela que dos dez maiores colégios eleitorais do país, nove ainda enfrentam pendências, seja pela falta do candidato ao Senado, seja pela postulação de mais de um nome ao único cargo em disputa. Apenas na Bahia já foram definidos os candidatos ao Senado das quatro principais chapas. Na Paraíba, o esquema do governador João Azevêdo (PSB), pré-candidato à reeleição, continua sem definição de postulante ao Senado, depois que o deputado federal Efraim Filho (União Brasil) bandeou-se para a oposição e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) recuou do projeto de ser candidato, pleiteando para o Progressistas a indicação do candidato a vice.
A situação complicou-se na Paraíba devido à postura ambígua do Republicanos, um dos principais partidos da base do governador João Azevêdo. Presidido pelo deputado federal Hugo Motta, o Republicanos apoia simultaneamente o governador João Azevêdo e o pré-candidato Efraim Filho, que está na chapa do deputado Pedro Cunha Lima ao governo. Ao mesmo tempo, o PR reivindica o direito de indicar candidato a vice na chapa do governador, batendo de frente com o Progressistas. O governador tem feito inúmeras gestões junto a líderes do Republicanos para demovê-los do apoio a Efraim Filho e, com isto, facilitar a homogeneidade da sua chapa, mas os entendimentos até agora não surtiram efeitos. Deputados da sigla chegaram a afirmar que entre o apoio a Azevêdo e o compromisso com Efraim pretendem manter este último.
Ontem, durante evento político, o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa e filiado ao Republicanos, foi enfático ao dizer que prefere cumprir a palavra empenhada com o deputado Efraim Filho quanto à disputa ao Senado do que cobiçar vaga de vice-governador na chapa oficial. Na seara governista não há, oficialmente, sinalização de nomes para a senatória, embora, dentro do PSB, o deputado federal Gervásio Maia, presidente estadual, seja encarado como alternativa. O governador João Azevêdo, que reclamou da pressa de Efraim Filho em ter uma definição, segue ouvindo sugestões e examinando nomes, mas também acolhe queixas sobre possível enfraquecimento do esquema para a disputa eleitoral em outubro. Além de Efraim como pré-candidato na chapa de Pedro estão em pré-campanha Bruno Roberto (PL) na chapa do comunicador Nilvan Ferreira, do mesmo partido, e o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), que desafia situação de inelegibilidade decretada pelo TSE. O pastor Sérgio Queiroz tenta se viabilizar pelo PRTB, mas a posição mais sólida, conforme analistas políticos, ainda é a do deputado federal Efraim Filho.
De acordo com a “Folha de São Paulo”, as articulações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a formação dos palanques nos Estados devem impactar a escolha de candidatos ao Senado nos maiores colégios eleitorais do país. Nos principais Estados, a definição deve passar pela estratégia nacional dos partidos para contemplar aliados e ampliar os palanques locais com a adesão de siglas que não estarão na coligação federal. A eleição para o Senado é uma das prioridades tanto de Lula quanto de Bolsonaro. No caso do petista, o objetivo é ter uma bancada legislativa mais alinhada à esquerda que o deixe menos refém de negociações com os partidos fisiológicos no Congresso Nacional. Para Bolsonaro, também pesa o fato de o Senado ser a Casa Legislativa que decide sobre os temas mais delicados, caso do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, uma das armas de pressão do presidente em sua escalada de ataques à democracia. No campo da esquerda, as indefinições passam principalmente pelos embates entre o PT e o PSB, os dois maiores partidos da coligação de Lula.