Nonato Guedes
O Republicanos, partido em ascensão na Paraíba, presidido pelo deputado federal Hugo Motta, voltou a fazer movimentos dúbios no cenário pré-eleitoral do Estado, ao insistir em indicar candidato a vice na chapa do governador João Azevêdo (PSB) sem romper o compromisso de apoio à pré-candidatura do deputado federal Efraim Filho (União Brasil) ao Senado pela chapa de oposição liderada pelo deputado Pedro Cunha Lima (PSDB). Nomes chegaram a ser sugeridos para apreciação do chefe do Executivo, como os do deputado estadual Wilson Filho, líder do goveno na Assembleia Legislativa, e do empresário Raimundo Lira, que já foi senador em duas ocasiões. O partido reiterou, mais uma vez, que não tem interesse em indicar o candidato ao Senado.
O deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia, cujo nome vinha sendo cogitado como alternativa para vice, coincidentemente recuou da pretensão alegando que prefere sacrificá-la a ter que quebrar a palavra empenhada de apoio à pré-candidatura de Efraim Filho. A estratégia política adotada pelo Republicanos cada vez mais confunde os analistas e líderes políticos, diante da impressão de que o partido está desafiando a lógica do jogo ao anunciar apoios a candidatos majoritários de chapas diferentes. Expoentes da legenda tentam explicar que há brechas na Lei para o cruzamento de chapas majoritárias e que a chapa geminada envolve os postulantes a governador e vice. Mas fontes políticas ortodoxas que seguem a liderança de Azevêdo falam em “incoerência” e renovam a cobrança por unidade na chapa.
Hugo Motta relatou à imprensa que houve uma reunião com o governador “bem esclarecedora” e adiantou que o Republicanos pode colaborar e muito com o projeto que ele comanda, bastando, para tanto, que tenha espaço para participar das discussões e, consequentemente, interferir nas decisões finais. A vaga de vice na chapa de Azevêdo passou a ser reivindicada pelo Progressistas, depois que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro desistiu da hipótese de concorrer ao Senado no bloco do governador, preferindo investir na campanha à reeleição à Câmara. Dentro do PP chegou-se a cogitar o nome do vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, para ser companheiro de João em um novo mandato. O governador tem preferido silenciar sobre as articulações políticas que estão sendo feitas, o que gera especulações de todo tipo e agita os meios políticos, tanto do lado governista quanto do lado oposicionista. Além de Pedro Cunha Lima, a oposição institucional no Estado é representada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), pré-candidato ao governo, e pelo comunicador Nilvan Ferreira (PL), pré-candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ontem, falando a emissoras de rádio de João Pessoa, o deputado federal Gervásio Maia, presidente do diretório estadual do PSB, informou que o governador João Azevêdo vem ultimando as articulações nos bastidores com forças políticas que compõem o seu núcleo de sustentação a fim de bater o martelo sobre os nomes que integrarão sua chapa, incluindo os suplentes de senador. O parlamentar evitou mencionar nomes mas advertiu que há boas opções à disposição do governador, para o alinhamento de uma chapa competitiva, com possibilidades de vitória. Gervásio, que também é cotado para integrar a composição majoritária, demonstrou sua confiança em que, no momento oportuno, sejam anunciadas as decisões envolvendo o esquema do chefe do Executivo em seu projeto de recandidatura ao Palácio da Redenção.
A grande preocupação dominante entre aliados mais próximos do governador João Azevêdo diz respeito a eventuais perdas de espaço e de votos com a demora na definição da chapa que vai acompanhá-lo na jornada por um novo mandato. Há quem lembre, porém, que foi o próprio Azevêdo que desestimulou cobranças por pressa na tomada de decisões, valendo-se da sua condição de comandante do processo eleitoral dentro do esquema que segue a sua orientação política. Para essas fontes, o governador merece um crédito de confiança quanto à adoção da melhor solução para a campanha eleitoral deste ano, e para a resolução de impasses como o do “Republicanos”, dividido entre candidatos de chapas distintas à disputa de outubro. É nesse clima de grande expectativa que as decisões tendem a fluir nos próximos dias, uma vez amarrados compromissos para a campanha.