O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à presidência da República, afirmou, ontem, no Rio, que derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano “é uma questão de honra do povo brasileiro”. Durante ato eleitoral na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, Lula endossou Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Estado e evitou mencionar os dois nomes que disputam a indicação para o Senado na chapa.
Sobre Bolsonaro, afiançou: “Ele está desesperado. São milhares de fake news enviadas para as pessoas todos os dias. É uma máquina poderosa de contar mentiras. Derrotar esse cara (Bolsonaro) é uma questão de honra do povo brasileiro, dos que querem democracia e verdade”. O petista anunciou que irá revogar, logo no início de um eventual governo, todos os sigilos que Bolsonaro impôs a informações de aliados acusados de cometer irregularidades como o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
“É ele e meia dúzia que o cercam e, quando tem denúncia de corrupção ele diz que não tem e faz decreto de sigilo de 100 anos. Eu quero que vocês saibam que, se tem coisa que eu vou fazer, é quebrar esses sigilos de 100 anos no primeiro decreto que eu fizer”, acrescentou o pré-candidato petista. Lula disse ainda duvidar que o Rio de Janeiro tenha recebido mais recursos de outros governos federais do que das suas gestões. “Eu posso não ser melhor do que ninguém, mas melhor que essa coisa (Bolsonaro) que está aí, eu tenho certeza que sou”.
O ex-presidente acusou Bolsonaro de não ter interlocução com empresários, sindicatos, professores e outras categorias. Ele também voltou a prometer que recriará o Ministério da Cultura e instalará comitês culturais em todo o país. O local escolhido pelo PT para o ato, a Cinelândia, foi palco de protestos históricos contra a ditadura militar, a favor das Diretas Já, pela saída do ex-presidente Fernando Collor de Mello, entre outras manifestações. Durante seu discurso, Lula evitou falar sobre um incidente que aconteceu pouco antes de ele chegar ao local do evento. De acordo com a assessoria de imprensa do petista, dois artifícios de fogo estouraram perto do palco, causando barulho. Eles teriam sido jogados de fora para dentro da área do evento. Ninguém se feriu e não houve tumulto. Lula ainda não havia chegado ao ato naquele momento. A pessoa que supostamente jogou o objeto foi detida. A área da Cinelândia foi cercada e isolada para receber o público. Um número restrito de pessoas pôde acessar o local. As demais tiveram que permanecer ao redor das cercas. Para entrar, todos passaram por detectores de mal, como tem acontecido nas agendas públicas de Lula e não era permitida a entrada com mochilas ou objetos que pudessem ser usados como arma branca.
Lula afirmou, logo no início de seu discurso, que “há muito tempo” queria realizar um ato no Rio de Janeiro para “acabar com a dúvida” sobre se ele apoiaria Freixo ao governo do Estado. “Quando se trata de política, de disputa, a gente precisa escolher com quem a gente vai estar. Aqui no Rio eu tenho candidato a governador, chamado Marcelo Freixo. Quem vai votar no Lula tem que saber que é importante votar no Freixo”, disse. O petista voltou a repetir que é importante também eleger deputados e senadores alinhados a ele para que tenha uma base grande o suficiente que lhe garanta governabilidade em um eventual governo. Lula, porém, não mencionou os dois pré-candidatos que disputam a indicação ao Senado na chapa com Freixo: o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano, pelo PT, e o deputado federal Alessandro Molon, pelo PSB.