Nonato Guedes
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo Partido dos Trabalhadores à presidência da República, acompanha com preocupação, já há algum tempo, a escalada de violência política que é praticada pela militância bolsonarista e direcionada, principalmente, contra os seguidores lulopetistas, como parte da estratégia incentivada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, para tumultuar o processo eleitoral, diante da perspectiva iminente de derrota logo no primeiro turno, segundo têm apontado pesquisas de institutos especializados sobre tendências da opinião pública. Ainda no final de semana, repercutiu no exterior o assassinato do guarda civil petista Marcelo Arruda pelo policial penal federal Jorge José Guaranho, seguidor fanático de Bolsonaro, em Foz do Iguaçu.
A mídia internacional fala em tragédia de contornos e motivações extremistas no Brasil, aludindo ao clima de crescente violência por parte dos bolsonaristas, o que levou o ex-presidente Lula a utilizar colete à prova de bala durante um ato público no Rio de Janeiro, onde até um explosivo foi lançado por um seguidor do atual ocupante do Palácio do Planalto. Jornais da Europa, da América do Sul e do Canadá noticiaram a violência de apoiadores do presidente da República no Brasil e destacaram como o discurso de ódio do mandatário de extrema-direita ecoa na sociedade. Aos atos de agressão física e assassinato soma-se a retórica belicosa do presidente Jair Bolsonaro contra opositores políticos e contra ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. O presidente-candidato também procura disseminar ambiente de desconfiança sobre a segurança das urnas eletrônicas como pretexto para contestar o resultado desfavorável no pleito.
Uma reportagem da revista “Veja” revela que, em paralelo ao terrorismo, Bolsonaro, na luta pela reeleição, pretende lançar mão de um arsenal que inclui alianças controversas, tensionamento entre as instituições, acusações pesadas de corrupção contra Lula e distribuição de muito dinheiro público. “Veja” lembra que a menos de cem 100 dias da eleição nenhum presidente da República que tentou renovar o mandato estava em situação tão desfavorável nas pesquisas quanto Jair Bolsonaro. Um levantamento mais recente do Datafolha mostrou que o presidente Jair Bolsonaro desponta com 28%, bem atrás de Lula, que tem 47% e, de acordo com o instituto, venceria no primeiro turno se as eleições fossem hoje. “Ou seja: – relata “Veja” – o ex-capitão, que se tornou um fenômeno eleitoral em 2018 ao gvencer a disputa numa legenda nanica, sem aliança partidária e com poucos segundos na propaganda de TV, pode atingir um outro feito em 2022, este inédito: ser o primeiro mandatário a não conquistar a reeleição”. É essa perspectiva que norteia os passos do mandatário na pré-campanha e o rolo compressor que está sendo posto em prática.
No comparativo sobre os presidentes da República que lutaram pela reeleição no Brasil e que foram bem-sucedidos, a reportagem de “Veja” lembra que em junho de 1998, Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo a emenda da reeleição foi aprovada, tinha 33% das intenções de voto ante 30% de Lula, a quem derrotou ainda no primeiro turno. Em julho de 2006, Lula, perto de completar o seu primeiro mandato no Palácio do Planalto, marcava 44% enquanto Geraldo Alckmin, na época seu rival e hoje seu companheiro de chapa, registrava 28%. Até a presidente Dilma Rousseff aparecia na liderança em junho de 2014, com 34%, equivalentes a 15 pontos percentuais a mais do que Aécio Neves. O presidente Jair Bolsonaro, nesse contexto, naturalmente é uma exceção melancólica, já que não consegue avançar mais substancialmente em pesquisas de intenção de voto, nem mesmo quando recorre a medidas assistencialistas, com o apoio da maioria do Congresso Nacional, para sensibilizar segmentos mais carentes do eleitorado.
A verdade é que o chefe do governo resolveu deflagrar uma guerra, em múltiplas frentes, para vencer a eleição a qualquer custo. O plano de combate prevê a aprovação de um pacote de quase 40 bilhões de reais em novas despesas, a consolidação de alianças políticas controversas, a intensificação da estratégia de intimidação de ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e a exploração de denúncias de corrupção contra Lula e o Partido dos Trabalhadores. Para os cofres públicos, de acordo com “Veja”, a “guerra dos 100 dias” será sangrenta. Mas há mecanismos legais para barrar os atos de corrupção. A inquietação que se verifica é com relação à escalada da violência política contra adversários do presidente da República. Nesse sentido, o empenho de Lula, que tem apelado à colaboração das forças democráticas do país, é fazer gestões para evitar que se instale no país um banho de sangue na fase de radicalização da campanha eleitoral, com enfrentamentos de grupos e incidentes que possam provocar graves consequências e implicações irreversíveis. A mobilização que Lula busca encetar tem repercussão favorável porque busca preservar vidas – e a própria democracia, ameaçada pelo surto autoritário que Bolsonaro tenta comandar, levado pelo desespero.
Ora bolas! Ninguém atentou ainda pelas acusações de Bolsonaro. Veja bem, se as urnas eletrônicas são passíveis de fraude, então Ele, Jair Bolsonaro foi eleito através de urnas fraudadas. Por que só agora, nesta campanha, o sistema é frágil, é passivo de erros?