Nonato Guedes
A postura do governador João Azevêdo (PSB) é de maior confiança depois que ele assumiu, sem r contestação, o comando de decisões no seu agrupamento político envolvendo a sorte da sua própria candidatura à reeleição e outras definições atinentes à formação da chapa, como a escolha do candidato a vice-governador e, também, do candidato a senador. Foi o que ele demonstrou, numa entrevista concedida, ontem, à rádio Arapuan FM de João Pessoa, e em conversas que tem mantido ultimamente com correligionários políticos. Até pouco tempo o chefe do Executivo sentia-se pressionado para acelerar posições que, a seu ver, ainda demandariam alinhamento e acomodação. Foi nesse contexto que ele perdeu aliados como o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o deputado federal Efraim Filho (União Brasil), este em marcha batida para viabilizar a candidatura ao Senado no bloco de oposição, ao lado do pré-candidato do PSDB ao governo, Pedro Cunha Lima.
Na opinião de interlocutores mais próximos do governador, a postura de confiança que ele transmite decorre do fato de que passou a liderar o processo de definições no âmbito do esquema, ganhando reconhecimento no papel de líder principal para conduzir articulações e montar chapa mais afinada com seu estilo e sua estratégia de ação política. Incomodava, sobretudo, ao governador, a atuação exercida por deputados do Republicanos para que ele mantivesse na base o deputado Efraim Filho, embora o parlamentar já tivesse tomado seu próprio rumo, em direção oposta ao projeto pilotado por Azevêdo. O gestor deixa claro que a opção foi tomada pelo próprio Efraim, que não respeitou o “tempo” dele (Azevêdo) para fixar decisões e anunciá-las ao conhecimento público. Assim sendo, o chefe do Executivo voltou a reiterar que não houve conversas proativas com emissários do deputado do União Brasil, interessados em patrocinar uma reaproximação que, de resto, se tornara inviável.
Em certa medida, também contribuiu para aliviar a postura de João Azevêdo a decisão tomada pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, desistindo da pré-candidatura ao Senado e tornando público que prefere mesmo disputar a reeleição à Câmara Federal. O maior entusiasta da candidatura de Aguinaldo ao Senado era o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que mantém relação promissora de parceria administrativa com o governador e que se fez fiador da postulação do parlamentar àquela Casa do Congresso. Cícero arrefeceu os movimentos para tanto com a mudança de rota traçada pelo próprio Aguinaldo, e agora põe-se na expectativa da indicação de um nome do PP para a vice de Azevêdo, conforme ficou consensuado no episódio da saída de Ribeiro do páreo. De acordo com inconfidência feita pelo chefe do governo, são vários os interessados em ocupar o lugar de vice na sua chapa, mas ele dá prioridade ao PP por confiar em que prevalecerá um nome de representatividade para fortalecer eleitoralmente o esquema e pavimentar o caminho da vitória em outubro.
Azevêdo, que no ano passado, em meio ao cipoal de pré-candidaturas, procurou escapar incólume das pressões para acelerar decisões, agora demonstra estar mais livre e ao mesmo tempo autorizado a ingerir até mesmo na elaboração da nominata de pré-candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa, harmonizando pretensões e conciliando eventuais interesses antagônicos derivados de briga intestina natural nas hostes que lhe apoiam. Ele acredita que venceu etapas que traçou para o processo, sem açodamentos prejudiciais à montagem de táticas indispensáveis à busca da vitória traduzida na reeleição. Lá atrás já resolvera outras pendências preocupantes, como a luta para ser admitido na base de apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). João concorda em dividir palanque com Veneziano Vital do Rêgo, desde que possa liderar o seu próprio palanque e alinhar manifestações de apoio e engajamento à pré-candidatura de Lula.
Os interlocutores mais próximos do governador salientam que ele tem sido extremamente paciente na montagem da estratégia mais ampla que o favoreça na conquista de um novo mandato ao Palácio da Redenção. Dentro do círculo oficial cessaram arroubos triunfalistas como os que apontavam vitória do chefe do Executivo por W.0 na eleição deste ano. Em lugar disso, está em pauta estratégia mais consciente, realista e humilde, amparada no desejo de agregar apoios, nunca de dispersá-los. Já se trabalha com a hipótese de segundo turno, embora não haja especulações sobre eventual adversário. Há, inclusive, uma expectativa no esquema de Azevêdo de que, num segundo turno, o senador Veneziano Vital do Rêgo possa apoiá-lo se não for o desafiante. Afinal, ambos estão na base de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é uma espécie de elo de ligação entre adversários nos Estados como parte do projeto maior de derrotar Bolsonaro e voltar ao Palácio do Planalto para um governo de transição e de coalizão nacional.