Em ato realizado em Brasília, ontem, pelo Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à presidência da República, centrou ataques ao principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) em comentário sobre a violência causada pelo acirramento de militâncias, sobretudo a que é provocada por bolsonaristas. “Esse cidadão não tem massa encefálica boa na sua cabeça. Esse cidadão não é humano e se cerca de pessoas iguais ou piores do que ele”, disse Lula em referência a Bolsonaro. O petista também citou os casos de violência recentes causados pela polarização dos dois partidos na pré-campanha eleitoral.
“Nunca, em nenhum momento, eu falei de violência em campanha. Entretanto, o Brasil mudou. Ainda não sei porque mudou tanto. Mas estão tentando fazer da campanha eleitoral uma guerra, colocando o medo na população brasileira”, expressou. O evento aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e contou com a participação das principais lideranças da coligação que apoia Lula, intitulada “Vamos Juntos pelo Brasil”, composta pelo PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Solidariedade e Rede. O ato público contou com a presença de lideranças partidárias de esquerda, além de deputados e senadores petistas.
O local, que era indefinido, foi escolhido após os últimos dois incidentes em atos do PT. Em Minas Gerais, ainda em junho, um drone de pulverização agrícola foi avistado borrifando urina e fezes contra apoiadores do ex-presidente Lula. Na última semana, no Rio de Janeiro, a situação foi semelhante. Uma espécie de bomba caseira com um líquido que cheirava a fezes foi arremessada no local do evento com o pré-candidato do PT. Neste último fim de semana, o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu uma festa de aniversário do guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e assassinou o aniversariante a tiros. A motivação do crime foi que o tema da festa era homenagem ao PT e ao ex-presidente Lula.
Para Lula, o assassinato foi causado pela postura do presidente Jair Bolsonaro (PL). “O PT polariza nas eleições para presidente desde 1994 e isso nunca aconteceu”, ponderou. Lula prosseguiu: “Eu acho que a sociedade brasileira começa a perceber o que está em jogo. Bolsonaro é uma pessoa de comportamento desumano, do mal. Não tem compaixão por pessoas que estão morando na rua, pelas pessoas que não tem o que comer”, criticou Lula. O pré-candidato petista também voltou a criticar a PEC dos Auxílios, que estava sendo votada paralelamente na Câmara dos Deputados. A proposta prevê aumento do valor do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família, amplia o Vale-Gás e cria um “voucher” para caminhoneiros. As medidas, no entanto, acabam em dezembro deste ano.
– Ele fala de criar o vale-motorista, vale-táxi, vale-gás, coisa que ele poderia ter criado há dois, três anos atrás, mas resolveu criar por três meses, como se fosse um vale sorvete, que você põe na boca e acaba. Nós temos que dizer para ele colocar dinheiro na conta. Nós vamos pegar, mas o nosso voto ele não vai ter. Não somos gado, não somos um animal quadrúpede – disse. Antes, no sábado, Lula já havia criticado a medida que, se aprovada, terá validade até o final do ano. Segundo Lula, Jair Bolsonaro quer “comprar o povo” com seis meses de auxilio. No ato em Brasília, ontem, apesar do esquema de segurança do ex-presidente ter sido reforçado após os últimos ataques aos militantes petistas, algumas falhas de segurança chamaram a atenção. Todos os participantes passaram por detectores de metal. Mas não houve revista de bolsas e mochilas.
No ato, um homem acendeu dois sinalizadores no meio da multidão. Parou depois que foi advertido pelo apresentador, o ator Murillo Grossi. Lula pediu para que os apoiadores reforçassem o cuidado pelos próximos três meses. “Nós não temos que aceitar provocação. Se alguém provocar vocês, manda ele morder o próprio rabo e não brigue. Vão para casa cuidar da família”, solicitou.