Nonato Guedes
Embora respeitando os apelos de deputados e líderes do Republicanos para que retorne à base política do governador João Azevêdo (PSB), o deputado federal Efraim Filho (União Brasil) tem deixado claro que não há recuo no seu posicionamento como pré-candidato ao Senado na chapa liderada pelo deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, pré-candidato ao governo. O parlamentar observa que já empenhou sua palavra, escolhendo o lado de Pedro, e que se dispõe a cumprir o que firmou, arrostando consequências. Irá com o filho do ex-governador Cássio Cunha Lima até as convenções homologatórias, confiante no crescimento do tucano que, em algumas sondagens extra-oficiais, estaria em segundo lugar, ainda que a uma certa distância do governador João Azevêdo.
O movimento de parlamentares do Republicanos para sua volta à base oficial é encarado com naturalidade pelo deputado Efraim Filho, diante do compromisso que eles declaram ter assumido com a candidatura do chefe do Executivo à reeleição. Mas, em termos objetivos, o deputado do União Brasil avalia como inviável a operação. De um lado, pelo que dá a entender, ele já se distanciou demais do governador para voltar a ficar sob sua liderança. De outro, segundo se apurou, Efraim não tem garantia de que, voltando à base, seja adotado ao Senado, principalmente diante da pressão de forças políticas mais ligadas ao governador para interferir na formação da chapa. O próprio PSB, partido de João, que poderia ter mais desprendimento por já deter a cabeça numa das chapas ao pleito, entrou na briga pela senatória, disponibilizando nomes em série para apreciação pelo governante, enquanto alardeia que Azevêdo é o condutor do processo.
Nos meios políticos, quer ligados ao governador, quer a expoentes da oposição, tem sido alertado que há um vácuo político para o Senado, tendo em vista que um candidato eventualmente apoiado por Azevêdo poderia contar com pelo menos 25% de transferência de votos da parte do chefe do Executivo, o que possibilitaria uma boa largada. No cenário atual, as projeções sinalizam para uma polarização entre os nomes do ex-governador Ricardo Coutinho (PT), que postula indicação na chapa de Veneziano Vital do Rêgo (MDB) mesmo enfrentando situação de inelegibilidade, e o do deputado Efraim Filho, que está em pré-campanha há pelo menos um ano, percorrendo municípios e regiões do Estado. Mas observadores políticos consideram que está havendo sinal de reação por parte de Bruno Roberto, do PL, filho do deputado federal Wellington Roberto e pré-candidato apoiado confessadamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Pelo menos da parte de lideranças políticas, ligadas ao governo ou oposição, tem havido cruzamento de preferências na chapa majoritária.
Em certa medida, a opção por Efraim ou por Bruno Roberto se dá diante do tal vácuo político que é registrado na seara oficial. Como se sabe, com o rompimento de Efraim Filho com a base governista, o espaço ficou livre para o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, avançar posições e firmar-se como pré-candidato ao Senado. Entretanto, contrariando a lógica reinante no quadro político local e, talvez, a expectativa do próprio governador João Azevêdo, Aguinaldo recuou da postulação ao Senado em cerimônia melancólica numa casa de recepções em João Pessoa, quando comunicou, na frente do governador, que havia decidido se candidatar à reeleição. O PP, então, passou a mirar na vaga de vice-governador, chegando a sugerir o nome do vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella (PSD). Mas o Republicanos não desiste de reivindicar o mesmo lugar, invocando, inclusive, mais tempo de lealdade a Azevêdo do que os “progressistas”.
Com a indefinição campeando, outros nomes vão sendo colocados na mesa, como se deu, nas últimas horas, com a especulação em torno de Leo Bezerra, que é vice-prefeito de João Pessoa. Não se sabe até que ponto o Republicanos vai segurar o compromisso com o deputado Efraim Filho ao Senado e, simultaneamente, a promessa de apoio à pré-candidatura do governador João Azevêdo à reeleição. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adriano Galdino, que é do PR, chegou a afirmar que se Efraim “tivesse juízo” voltaria à base, ou seja, retomaria a aliança com Azevêdo. Efraim se defende alegando que esteve ao lado do governo, entregou lealdade, compromisso, votos e trabalho e, em troca, recebeu indecisão. Ou seja, tanto João Azevêdo como Efraim Filho já fizeram suas opções, ou suas escolhas, nesse jogo. A opinião pública dificilmente entenderia ou encontraria justificativa para uma reaproximação. É isso que torna a aliança de Efraim com Pedro irreversível, sejam quais forem os resultados ou as consequências, tornando mais emocionante a disputa majoritária deste ano na Paraíba.