Nonato Guedes
Líderes do MDB de diversos Estados reuniram-se ontem à tarde em São Paulo para declarar apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República já no primeiro turno, com isto abandonando a pretensão de candidatura própria empalmada pela senadora Simone Tebet (MS). O senador paraibano Veneziano Vital do Rêgo, presidente do diretório estadual e primeiro vice-presidente do Senado Federal, foi um dos onze representantes a se manifestar favoravelmente à pré-candidatura de Lula no encontro que contou com representantes nacionais do PT como a presidente Gleisi Hoffmann. Veneziano é pré-candidato ao governo da Paraíba em aliança com o PT e rivaliza com o governador João Azevêdo pela exclusividade do palanque de apoio a Lula.
A divisão dentro do MDB coloca em risco os planos da senadora Simone Tebet, que aguarda a convenção nacional da sigla para ter uma definição a respeito. O senador Eduardo Braga, do MDB do Amazonas, foi escolhido para representar o grupo dissidente, em sua maioria oriundo das regiões Norte e Nordeste, onde, historicamente, a sigla mantém apoio a candidatos petistas. O apoio do MDB é considerado fundamental pelo ex-presidente Lula, pelo tempo de TV que poderá proporcionar no Guia Eleitoral, no confronto com outros postulantes. Baleia Rossi, presidente nacional da legenda, não entregou os pontos. Garantiu que Simone terá apoios nos 27 Estados e que a decisão da maioria foi de respeitar as minorias. Rossi também afirmou que não racha no MDB. “O Brasil precisa de uma alternativa aos polos. Mais do que tudo, precisa respeitar as decisões democráticas”, discursou.
A reunião do MDB foi cercada de expectativa ou de interesse diante da repercussão de informação publicada na revista “Veja” dando conta de que o PT nacional teria se decidido pelo apoio à pré-candidatura de João Azevêdo na Paraíba, e não à pré-candidatura do senador Veneziano. A versão foi desmentida pela presidente nacional Gleisi Hoffmann e pelo presidente estadual do PT, Jackson Macêdo e tratada como “fake news” supostamente espalhada por aliados do governador João Azevêdo. O clima é de guerra declarada entre apoiadores de Lula na Paraíba. O governador João Azevêdo já deixou claro que não luta por exclusividade de palanque e justifica que seu interesse é agregar votos para o ex-presidente Lula. Também se mostra confiante sobre sua presença na base lulista, argumentando: “Imaginar que eu não estarei no palanque de Lula é uma incongruência”. O candidato a vice na chapa de Lula é o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, filiado ao PSB, o mesmo partido de Azevêdo.
Estiveram presentes no encontro em São Paulo o senador Renan Calheiros (AL), o governador de Alagoas, Paulo Dantas, os senadores Veneziano Vital do Rêgo (PB), Eunício Oliveira (CE), Rose de Freitas (ES), Lúcio Vieira Lima (BA), Marcelo Castro (PI), Edison Lobão (MA), além do presidente do diretório estadual do MDB no Rio de Janeiro, Leonardo Piciani. Representantes do Pará (Helder Barbalho) e do Rio Grande do Norte (Garibaldi Alves) não compareceram, mas disseram estar fechados com o grupo e se reuniram com a chapa na semana passada. Ao lado de Lula, Eduardo Braga discursou citando o MDB de onze Estados na sede da Fundação Perseu Abramo. “Tomamos a decisão nos nossos Estados de apoiar sua candidatura. Nós temos 11 Estados representados do MDB e comprometidos com o projeto de Brasil que todos queremos, com o fortalecimento da democracia, com a retomada do crescimento, do emprego, renda e da justiça social, com o aspecto humanitário que este país precisa para que nós possamos ter a solidariedade e o enfrentamento da fome”, mencionou Braga.
A presidente Gleisi Hoffmann expressou que respeita a postulação da senadora Simone Tebet dentro do MDB, mas deixou claro que considera importante a união com o MDB. “Essa decisão é muito importante não só para a candidatura do presidente Lula como para a democracia brasileira e para que esse processo que estamos vivendo e que é muito diferente de todos os outros processos eleitorais que nós já vivemos no Brasil tenha êxito. Essa união de forças que acredita e luta pela democracia é fundamental para enfrentarmos esse momento”, salientou. Antes da reunião, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, afirmou que o grupo irá defender nas convenções o apoio a Lula. A consolidação desse apoio praticamente esvazia as chances da senadora Simone Tebet, que terá dificuldades para dispor de palanques de apoio à sua pretensão em vários Estados, diante da adesão irrefreável à pré-candidatura do ex-presidente Lula.