O Estado de São Paulo
Juristas e empresários articulam um ato pela defesa aberta do sistema eleitoral do País, diante da investida do presidente Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas. Dois eventos estão programados para ocorrer na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) no dia 11 de agosto.
Em um deles, entidades econômicas e da sociedade civil se juntam à comunidade jurídica. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem feito a articulação com a comunidade empresarial para angariar apoio à pauta, segundo o diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo. A ideia é reunir expoentes de diversos setores e diferentes preferências partidárias em defesa da democracia. Procurada, a Fiesp não confirma participação na articulação.
No mesmo dia, no pátio da faculdade, uma reedição da “Carta aos Brasileiros” será lida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. O manifesto, criado por ex-alunos, circula em grupos de WhatsApp de advogados há alguns dias e é inspirado na “Carta” de 1977, lida por Goffredo da Silva Telles Jr., que pedia o restabelecimento de um estado democrático de direito e manifestava repúdio ao regime militar, vigente na época.
“É uma nova carta aos brasileiros, que ao invés de dizer ‘Diretas Já’ dirá ‘estado de direito sempre’”, disse o jurista e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Junior, um dos articuladores do texto. Reeditar o espírito de 1977 demonstra a gravidade do momento, segundo advogados ouvidos pelo Estadão.
O texto pede uma “vigília cívica contra as tentativas de rupturas” e clama “brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições”, independentemente de preferência eleitoral ou partidária.
O primeiro ato, com empresariado e entidades da sociedade civil, deve ocorrer no Salão Nobre da faculdade. O texto para este encontro ainda está em elaboração, pois depende de um ajuste fino entre entidades que têm evitado se posicionar politicamente – como a Fiesp.