Nonato Guedes
Pré-candidato ao governo do Estado pelo MDB, em aliança com o PT, o senador Veneziano Vital do Rêgo passou a ser cobrado nas últimas horas a escolher o nome do postulante a vice dentre os quatro que foram sugeridos pela direção estadual petista, a saber: a ex-prefeita do Conde, Márcia Lucena, o ex-presidente do diretório da Capital Antônio Barbosa, Lenildo Morais e a advogada Maria Luiza. Em tom de ultimatum, o presidente estadual do PT, Jackson Macêdo, advertiu, falando à rádio Pop FM, que se houver decisão diferente, haverá problema. Referia-se, com isto, a declarações do próprio Veneziano admitindo escolher um nome filiado ao PT mas fora da lista que foi decidida em encontro da Executiva dessa legenda.
O “imbroglio”, na opinião de analistas políticos, dá a dimensão de como Veneziano é, de certa forma, refém do PT paraibano na conjuntura política-eleitoral, como contrapartida exigida pelo apoio manifestado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à candidatura dele ao Palácio da Redenção. Aparentemente sem condições de forjar quadro competitivo para disputar o governo, o PT quer dominar a chapa de Veneziano, indicando não apenas o ex-governador Ricardo Coutinho ao Senado mas também o ungido à vice-governança, recaindo preferência, nesse ponto, por Márcia Lucena, que segue incondicionalmente a liderança de Ricardo. O senador emedebista inclinava-se por um nome do “clã” Cartaxo, que poderia ser o de Maísa, mulher do ex-prefeito de João Pessoa Luciano Cartaxo, ou o de Lucélio, irmão gêmeo dele, que já foi candidato a governador e a senador, sem êxito.
Jackson Macêdo deixou claro que se Luciano Cartaxo aceitar ser o vice de Veneziano, terá o apoio de 100% do partido, inclusive dos quatro mencionados na lista que foi submetida à apreciação do senador Veneziano Vital do Rêgo. O ex-prefeito, entretanto, já afirmou que está determinado a ser candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa, não almejando compor chapa majoritária. Lá atrás, quando migrou de volta às hostes petistas, Luciano tinha a expectativa de vir a ser adotado como candidato próprio ao governo do Estado. Dispunha-se a concorrer, redimindo-se da negativa que protagonizou em 2018, quando preferiu permanecer até o fim no exercício do cargo de prefeito da Capital e indicou o nome do irmão, Lucélio, que foi candidato em aliança com o grupo do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, ligado ao ex-governador Cássio Cunha Lima. O vitorioso nas urnas acabou sendo João Azevêdo (PSB), que agora postula reeleição.
O apoio do PT é cortejado por Veneziano na corrida pelo governo do Estado não apenas pela ampliação do espaço para sua propaganda, mas também porque reforça a garantia de apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua pré-candidatura. O senador emedebista, como se sabe, rivaliza com o governador João Azevêdo para ter a exclusividade do apoio de Lula no Estado e já conseguiu, em reunião ocorrida nos últimos dias em São Paulo, agendar visita do ex-presidente para o começo de agosto. Mas Veneziano sabe que a “amarração” da aliança com o PT paraibano é imprescindível para seu projeto e suas ambições, sobretudo porque esse partido voltou a contar com o ex-governador Ricardo Coutinho, que tem linha direta com o ex-presidente Lula e é estrategista respeitado, tanto que se lançou pré-candidato a senador mesmo enfrentando situação concreta de inelegibilidade, que busca reverter em instâncias judiciais superiores em Brasília.
Em relação ao governador João Azevêdo, que também está na base de Lula, fontes oficiais disseram ao colunista que ele continua aguardando a oportunidade de ter uma agenda com o ex-presidente e pré-candidato petista à presidência da República, sem, porém, “forçar a barra”, diante da hegemonia que o ex-governador Ricardo Coutinho e o senador Veneziano Vital do Rêgo estão tendo nesse processo no que diz respeito à Paraíba. O governador recusou, por considerar absurda e destoante do seu estilo, sugestão para infiltar-se na agenda de Veneziano e Ricardo com Lula no começo de agosto na Paraíba. Ontem, em Pernambuco, Lula começou a descer do muro em termo de definições político-eleitorais no Nordeste. Foi assim que anunciou que seu candidato a governador no Estado é Danilo Cabral, do PSB, honrando compromisso firmado lá atrás com o partido do seu candidato a vice Geraldo Alckmin. Esse gesto não foi suficiente para impedir a pré-candidata Marília Arraes, que deixou o PT, de utilizar fotos e imagens suas ao lado do ex-presidente na pré-campanha que empreende em Pernambuco.