Nonato Guedes
O comunicador Nilvan Ferreira (PL) está tranquilo quanto à sua posição na disputa presidencial na Paraíba. Ele comandará o principal – e, segundo assegura, o maior – palanque de apoio à pré-candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, não só porque o mandatário é do mesmo partido como porque a preferência pelo seu nome já foi revelada de público numa das visitas-relâmpago de Bolsonaro ao Estado. Bolsonaro terá apoiadores no PRTB e em outras legendas que apresentarão, inclusive, candidaturas majoritárias. Mas Nilvan é o ungido para liderar sua campanha na Paraíba. Segundo levantamento divulgado pelo portal “Poder360”, o presidente deve estar em 10 palanques fora da sua coligação pelo país. Além de PL, PP e Republicanos, avalia se aliar a candidatos do União Brasil, PSDB, PSD, MDB, Novo e até Solidariedade.
No esforço para reforçar sua presença nos Estados, Jair Bolsonaro tende a firmar alianças com candidatos aos governos estaduais em todas as 27 unidades da Federação. A coligação PL-PP-Republicanos-PTB-PSC terá, se o desenho traçado pela campanha se concretizar, candidatos ao governo estadual apoiados por Bolsonaro na maioria dos Estados: 17 de 27. Dentre outros dilemas que terá na campanha eleitoral, o chefe do Executivo precisará decidir entre o pragmatismo, representado pelas candidaturas tidas como mais viáveis (a maioria do centro político) e a coerência, ao apoiar candidaturas menos viáveis, porém sustentadas pela base-raiz. É o caso do Mato Grosso do Sul, onde o presidente nutre simpatia por dois nomes: Eduardo Riedel (PSDB) e Capitão Comtar (PRTB). O primeiro é apoiado pela ex-ministra Tereza Cristina (PP), pré-candidata ao Senado. O segundo recebe apoio de bolsonaristas mais radicais. O presidente tenta unificar os votos para apenas um nome, que deve ser o de Riedel.
No caso da Paraíba, Nilvan Ferreira, que estreou na política em alto estilo em 2020, disputando a prefeitura de João Pessoa pelo MDB e logrando ir para o segundo turno contra o eleito, Cícero Lucena (PP), construiu carreira política fulminante, a ponto de, agora, em 2022, estar no terceiro partido e ser pré-candidato ao governo do Estado. Ele deixou o MDB após a morte do senador José Maranhão, vítima de complicações da Covid-19, e a ascensão do senador Veneziano Vital do Rêgo, que, então, era aliado do governador João Azevêdo. Veneziano decidiu, porém, disputar o governo estadual com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nilvan migrou para o PTB e, na sequência, para o PL, que é presidido pelo deputado federal Wellington Roberto. O comunicador ganhou apoio para enfrentar Azevêdo e Veneziano na disputa e lançou como seu pré-candidato ao Senado Bruno Roberto, filho de Wellington. Ferreira é tido como bolsonarista-raiz e o único que defende ostensivamente o presidente e as ações do seu governo.
Além dele, o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), filho do ex-governador e ex-senador Cássio Cunha Lima, tentou fixar-se na base de apoio ao bolsonarismo na campanha eleitoral como pré-candidato ao governo. Chegou a ser hostilizado em uma manifestação no interior da Paraíba, onde estava presente o próprio mandatário – e desde então recuou da aproximação, admitindo, inclusive, apoiar a pre-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Palácio do Planalto. Simone, por sua vez, foi “rifada” na Paraíba pelo senador Veneziano, que alegou possuir compromisso assumido com o ex-presidente Lula. Veneziano rivaliza com o governador João Azevêdo para estar na base lulista e anunciou aliança com o PT local, cujos nomes para a chapa ainda estão pendentes, depois que foi retirada pela Executiva estadual uma lista com 4 nomes para indicação do vice do senador emedebista. Nilvan Ferreira acredita que tem plenas chances de ir para o segundo turno e já avisou que não escolhe adversário.
O PoderData mostrou que há uma indefinição em quatro das cinco regiões do país na disputa entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este seria um indicativo da importância, tanto para Bolsonaro quanto para Lula, de construir palanques fortes nos Estados. No Nordeste, o PT lidera com folga – o alto desempenho de Lula é consistente e se sustenta pofr várias rodadas. Nas outras quatro regiões, nenhum partido nem candidato tem vitória ainda certa. Mesmo no Centro-Oeste e no Norte, regiões onde alguns dos candidatos despontam com vantagem acima da margem, as rodadas anteriores indicam empates técnicos. O comunicador Nilvan Ferreira define-se como um “defensor destemido” do presidente Jair Bolsonaro, criticando outras figuras que se dizem bolsonaristas na Paraíba mas não assumem posição ostensiva. Ele tem repetido, inclusive, que o governo de João Azevêdo (PSB) só avançou no combate à covid-19 graças aos recursos liberados pelo governo federal e à disponibilização de vacinas contra a pandemia, “embora não dê o crédito ao presidente da República e ao seu governo”.