Nonato Guedes
Com o MDB rachado e a ameaça de judicialização na convenção do partido programada para amanhã, 27, a fim de definir posição sobre a eleição presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) continua se anunciando pré-candidata ao Palácio do Planalto e disse que está absolutamente tranquila em relação ao apoio, prevendo mesmo que terá uma “votação maciça” no evento. Para ela, o racha da sigla na escolha de candidatura não é novidade e não há problema em dividir palanque. As declarações foram dadas ao canal de notícias Globo News, ontem.
– Em 48h isso estará resolvido – afirmou Tebet, que apontou que a convenção terá “unidade” do partido. Ela lembrou ainda que é pré-candidata de uma federação partidária que acolhe, ainda, o PSDB e o Cidadania. “Só dependo de um caixote e de um microfone”, afirmou a senadora, que diz não se preocupar com os palanques eleitorais que não terá. Na Paraíba, o senador Veneziano Vital do Rêgo, pré-candidato ao governo e presidente do diretório estadual, já informou que o palanque está reservado para o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, até por causa da aliança que ele está firmando com os petistas locais, tendo o ex-governador Ricardo Coutinho como pré-candidato ao Senado.
Questionada sobre a possibilidade de judicialização do evento, levantada pela ala do partido a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Simone Tebet disse que o movimento teve “efeito contrário”, a favor de sua candidatura. Ontem, emedebistas foram ao Tribunal Superior Eleitoral para pedir a suspensão da convenção com o argumento de que a plataforma Zoom, que será utilizada na votação, não garantiria sigilo ao processo. A emedebista disse que o senador Tasso Jereissati (PSDB) está pronto para ser vice-presidente, se for da vontade do partido, e que se não estiver como candidato a esse cargo, estará em seu palanque ou como coordenador de campanha. Tebet se referiu ao possível vice de sua chapa como “irmão político”.
Tebet criticou ainda o chamado “orçamento secreto” do Congresso Nacional, sem colocar a responsabilidade da distribuição desses recursos em congressistas e, sim, no Executivo. “Podemos estar diante do maior esquema de corrupção da história da República brasileira”, afirmou a senadora, que pregou como solução o retorno do Ministério do Planejamento e Orçamento. Tebet se manifestou contra a privatização da Petrobras na extração do petróleo, mas admitiu a possibilidade em outras subsidiárias da empresa, como na etapa de refinaria. Ela defendeu a não ingerência política na empresa, mas lembrou de sua função social e afirmou que o refino do petróleo no Brasil é fundamental para que o país tenha menos dependência em momentos de crise. Tebet frisou ainda que o próximo presidente do país precisa tirar imediatamente da gaveta o plano nacional de energia renovável.
De acordo com a senadora, é possível que o salário mínimo seja pago acima da correção inflacionária com estabilidade política internacional, o que valorizaria o câmbio, e com a aprovação da reforma tributária nos primeiros seis meses de governo. A pré-candidata voltou a afirmar que as reformas tributária e administrativa serão aprovadas no primeiro semestre do seu governo, se eleita, apoiada pela legitimidade “de quem ganhou a eleição”. Pontuou: “Reforma tributária está madura para ser votada, independente do governo que se eleja”.
Sobre tributação, Tebet apoia a desoneração da folha permanente para “quem mais emprega”, citando o setor industrial, a criação de taxas sobre lucros e dividendos e maior tributação sobre a “pessoa jurídica” em vez da “pessoa física”. A candidata defendeu, também, um programa de transferência de renda com condicionalidade, de forma “equilibrada, sensata”. Questionada sobre combate à inflação, Tebet afirmou que os estoques reguladores são “prioridade absoluta”, com atenção ao agricultor familiar, que precisa de assistência fiscal diferenciada para que ele seja a primeira opção de compra do empreendedor.