O ator, humorista, diretor e escritor José Eugênio Soares (Jô Soares) morreu na madrugada desta sexta-feira (5) aos 84 anos em São Paulo, onde estava internado, no Hospital Sírio Libanês. A informação foi confirmada por sua ex-mulher Flavia Pedras nas redes sociais e a causa da morte não foi divulgada. Em sua homenagem ao ex-companheiro, Flavia Pedras agradeceu a Jô Soares pelas risadas e declarou amor eterno. Descreveu Jô como “um cara apaixonado pelo país aonde nasceu e escolheu viver, para tentar transformar, através do riso, num lugar melhor”. A apresentadora Ana Maria Braga também usou as redes sociais para prestar um tributo ao amigo. No Instagram, ela afirmou: “Hoje o dia amanheceu mais sem graça. Vá em paz”.
Jô Soares nasceu em primeiro de janeiro de 1938 no Rio de Janeiro. Foi humorista, apresentador de televisão, escritor, diretor e ator. Trabalhou nas emissoras Continental, TV Rio, Tupi, Excelsior, Record, SBT e na Globo. Era considerado um dos maiores comediantes da história do Brasil. Tinha o sonho de ser diplomata, mas o humor e a criatividade que sempre fizeram parte de sua personalidade o levaram para o meio artístico. Jô era filho único do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Bisneto do conselheiro Filipe José Pereira Leal, diplomata e político, que no Brasil Imperial foi governador do Estado do Espírito Santo, o menino José Eugênio sonhava fazer carreira no Itamaraty. Para isso, estudou no Colégio São Bento, no Rio, e no Lycée Jaccard, na Suíça.
Com 66 anos de carreira no meio artístico, ele viveu os últimos anos mais reclus, mas contribuiu com artigos em tons ácido e irônico para desnudar o fascismo do presidente Jair Bolsonaro, como revela a “Revista Forum”. Num artigo na “Folha de São Paulo”, Jô Soares afirmou, sobre Bolsonaro: “Sua definição é perfeita: vossa excelência é o leão. É o rei dos animais”. Na Record, Jô atuou na comédia Ceará contra 007, em 1965, que registrou a maior audiência naquele ano e no humorístico Família Trapo, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega. Em 1971 estreou “Faça Humor, Não Faça Guerra”, primeiro humorístico da TV Globo, em uma crítica direta à Guerra Fria e ao conflito no Vietnã. Na emissora, Jô atuou também em Satiricom e no inesquecível Viva o Gordo (1981), que deu origem ao espetáculo “Viva o Gordo, Abaixo o Regime”, uma sátira explícita à ditadura militar. Atuou ainda ao lado de Chico Anysio e foi comentarista do Jornal da Globo até 1987. Em 1988 foi para o SBT onde apresentou o programa Veja o Gordo. De volta à Globo, em 2000, Jô Soares apresentou por 16 anos o Programa do Jô. Em 2018, no seu último trabalho na TV, participou como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a Copa do Mundo. Era fluente em português, francês, italiano e espanhol.