O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa um novo mandato à frente do Palácio do Planalto, deverão comparecer à posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O atual mandatário foi convidado pessoalmente por Moraes, enquanto Lula manifestou interesse em incluir o evento na sua agenda. A posse está prevista para as 19h de terça-feira, 16, dia em que começa oficialmente a campanha eleitoral no país. Lula tem uma visita à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) marcada para as 14h. A ideia é voar, em seguida, para Brasília, onde fica o TSE.
A decisão de comparecer à posse de Alexandre de Moraes foi tomada pelo petista na sexta-feira, 12, segundo revelou o portal “Poder360”. Lula busca transmitir uma mensagem de valorização institucional, num momento de tensão, alimentado, entre outros fatores, por críticas do atual presidente da República à segurança das urnas eletrônicas e ataques gerais ao Poder Judiciário, inclusive, em manifestações públicas. Na quarta-feira, Moraes foi ao Palácio do Planalto acompanhado do também ministro Ricardo Lewandowski, que será o vice da Corte, entregar o convite da posse a Bolsonaro para um mandato de dois anos à frente do Tribunal.
A ida do ministro ao Planalto foi articulada pelos ministros Paulo Guedes, da Economia, Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Jorge Oliveira, do Tribunal de Contas da União, numa tentativa de reduzir os atritos entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes. Bolsonaro tem ato de campanha em Juiz de Fora (MG), às 11h. Trata-se da cidade onde foi esfaqueado em setembro de 2018, ano em que ganhou a eleição. O ministro também chamou os outros ex-presidentes da República, daí o convite a Lula. Ele assume o posto no lugar de Edson Fachin, que ocupava o comando do TSE desde fevereiro. Fez parte do clima de tensão entre Poderes no Brasil a reunião mantida por Bolsonaro com embaixadores no Palácio do Planalto em 18 de julho, quando ele expôs dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas e, consequentemente, sobre a lisura do processo eleitoral brasileiro. Bolsonaro defendeu o voto impresso e voltou a falar sobre possíveis fraudes no sistema eleitoral, com acusações que nunca foram comprovadas.
O chefe do Executivo já criticou Alexandre de Moraes e suas decisões em diferentes oportunidades, chegando a afirmar que o ministro “inferniza” o Brasil e a processá-lo por abuso de autoridade. Moraes será o responsável por relatar o registro da candidatura de Bolsonaro nas eleições. A chapa com o general Walter Braga Netto foi registrada pelo PL no Tribunal Superior Eleitoral na terça-feira, 9 de agosto. Apesar dos atritos, o Planalto tenta se aproximar dos ministros do STF por medo de o chefe do Executivo ser preso e a percepção de que o governo está perdendo apoio. Ao todo, Jair Bolsonaro é alvo de quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal, sendo três relatados por Alexandre de Moraes. As investigações são pano de fundo do tensionamento da relação com o Judiciário.