O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que, por enquanto, não há necessidade de decretar emergência de saúde pública no Brasil em consequência da varíola dos macacos. Ele fez um apelo para que as pessoas “não saiam por aí matando macacos” porque “isso não vai resolver o problema” da doença. A decisão do ministro em não determinar emergência contraria um pedido do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que na semana passada propôs ao ministério o reconhecimento da emergência de saúde pública em decorrência do vírus e apontou o avanço da doença como motivo de preocupação.
Durante coletiva de imprensa, ontem, Queiroga afirmou que ainda não havia recebido qualquer parecer técnico que possa embasar a decretação de um estado de emergência a nível nacional, mas disse haver a possibilidade de definir emergência regional. O ministro citou o Estado de São Paulo, que concentra o maior número de casos da doença até o momento, mas que seu secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, ainda não havia procurado a pasta ministerial para falar sobre essa alternativa. “A Espin (emergência em saúde pública) tem critérios para que seja reconhecida. EUA e Austrália foram os únicos que reconheceram. Até agora não recebi solicitação técnica da área para que considerasse ou não a edição de uma portaria em relação à Espin. Agora eu pergunto: vamos supor que eu reconhecesse hoje, o que iria mudar?”, questionou.
O ministro falou mais: “A nossa vigilância foi reforçada durante a emergência de saúde pública decorrente da covid-19. Nesse momento não há requisitos para a Espin, até porque a maioria dos casos está no Estado de São Paulo e há possibilidade, inclusive, de se fazer uma emergência de saúde pública de importância regional, mas o secretário de Saúde do Estado nem falou nisso. Então, quando houver necessidade, o ministro está aqui”. Na coletiva, Queiroga apelou para que as pessoas não matem os macacos porque essa não é a resposta para o combate ao vírus. Conforme o cardiologista paraibano, a monkeypox (termo internacional) é uma zoonose, doença infecciosa transmitida entre animais e pessoas que, provavelmente, é originária do cão-da-pradaria, uma espécie de mamífero roedor. Acrescentou que o Brasil deve receber 50 mil doses da vacina contra a varíola dos macacos mas que não há previsão, ainda, de quando o imunizante chegará ao país. No primeiro momento, as doses serão aplicadas em profissionais que lidam diretamente com materiais contaminados, pois não há indicação da necessidade de vacinação em massa.
O ainda presidente do TSE, ministro Edson Fachin, autorizou o governo do presidente Jair Bolsonaro a realizar uma campanha sobre a prevenção da varíola dos macacos mesmo com as restrições eleitorais que impedem publicidade institucional de autoridades e órgãos públicos nos três meses anteriores ao pleito. O pedido foi realizado pelo chefe da Secom, André Costa, que argumentou ser importante informar a população quanto às medidas de prevenção e contágio da varíola dos macacos. Fachin acatou o pedido permitindo a veiculação da propaganda institucional mas sem que haja promoção do atual governo.