Nonato Guedes
Os principais candidatos de oposição que concorrem ao governo do Estado travam luta obstinada, inclusive contra o relógio, para reforçar seu cacife na disputa eleitoral e viabilizar sua presença num eventual segundo turno, disputando contra o governador João Azevêdo (PSB), que postula a reeleição e que detém a mística do controle da máquina, com suposta influência colateral desta no resultado do confronto. A batalha é tanto mais insana pelo fato de que não há, até o momento, radiografia confiável indicando intenções de voto, mediante pesquisas de institutos especializados que sondam o humor do eleitorado em ocasiões decisivas. Os comitês partidários possuem seus próprios levantamentos, para consumo interno, sem a repercussão que a publicização confere a tais apurações. E este cenário se verifica há pouco mais de um mês da realização do pleito, o que pressupõe uma dramática corrida de obstáculos pela frente.
O senador Veneziano Vital do Rêgo, pelo MDB, o deputado federal Pedro Cunha Lima pelo PSDB e o comunicador Nilvan Ferreira pelo PL, aparentemente, polarizam a liderança do páreo ao Executivo com o atual governador e pelo menos dois deles apoiam-se em trunfos nacionais para fortalecer suas jornadas no âmbito local. Veneziano ganhou declaração de apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sua candidatura, enquanto Nilvan Ferreira sensibilizou o presidente Jair Bolsonaro, que postula a reeleição, a manifestar-lhe apoio. O deputado Pedro Cunha Lima tentou aproximar-se do atual presidente mas recuou ante hostilidades de bolsonaristas e ficou praticamente órfão no páreo presidencial com a retirada da candidatura do ex-governador João Doria, de São Paulo, no PSDB. Além de órfão, Pedro ficou refém de partidos que formam federação com o PSDB e que lançam nomes sem maior expressão à presidência. Na prática, ele está se cosendo com suas próprias linhas, em parceria com o candidato ao Senado, deputado federal Efraim Filho, do União Brasil.
Veneziano Vital do Rêgo, que abandonou à própria sorte a candidata do MDB ao Palácio do Planalto, Simone Tebet, sua colega de Parlamento, disputa com o governador João Azevêdo o apoio do ex-presidente e atual presidenciável Lula da Silva, favorito em inúmeras pesquisas de intenção de voto. Já conseguiu levar o líder petista para eventos políticos em Campina Grande, organizados em conjunto com o PT paraibano, que se coligou com o MDB e indicou o ex-governador Ricardo Coutinho a senador. Além do feito de trazer Lula à Paraíba, quebrando o jejum de visita do petista ao Estado, Veneziano extraiu declaração enfática em que Lula se posicionou, claramente, pela sua candidatura a governador da Paraíba. Já o governador João Azevêdo, sem esperança de ter Lula no seu palanque, pelo menos num primeiro turno, buscou reforçar-se com a presença do candidato a vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSB, mantendo a expectativa de poder utilizar imagens ao lado do ex-presidente no Guia Eleitoral que começará esta semana.
Nilvan Ferreira vive a ansiedade de poder contar com a presença do presidente Jair Bolsonaro no seu palanque no primeiro turno, o que, na sua opinião, seria estratégico para alavancar sua caminhada visando a obter passaporte para o segundo turno. Declarações de apoio e elogios da parte de Bolsonaro, Nilvan já coleciona em vídeos e áudios que têm sido publicizados nas redes sociais. Ao mesmo tempo, ele procura massificar a condição de “candidato do presidente na Paraíba” contando com o suporte de dirigentes do PL, como o deputado federal Wellington Roberto, que têm trânsito livre no Palácio do Planalto. Bruno, filho de Wellington, é candidato a senador na chapa de Nilvan. O comunicador já conversou diretamente com Bolsonaro sobre a estratégia para sua visita em campanha ao Estado, mas tudo está a depender de encaixe da agenda nacional do presidente-candidato.
A esta altura do campeonato, com o clima descambando para a radicalização, os candidatos a cargos majoritários investem nos apoios de cabos eleitorais prestigiosos, mergulhando de cabeça na estratégia sem discutir ou polemizar sobre a real capacidade de transferência de votos que eles possam protagonizar nas eleições estaduais. A lógica é a de que todo apoio é bem vindo, sobretudo de quem polariza a eleição presidencial, como é o caso de Lula e de Bolsonaro, fato ainda atestado em pesquisa recente do Datafolha. O senador Veneziano Vital do Rêgo e o comunicador Nilvan Ferreira idealizam pelo menos um evento grandioso com a presença de seus apoiadores ilustres, um desses eventos que, como se diz, ficam na História. E, dependendo dos ventos da conjuntura, podem até empurrar um ou outro candidato para posição de vantagem na corrida, que é acirrada, ao governo estadual.