O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, ontem, em entrevista ao “Jornal Nacional”, da Rede Globo, que tenha xingado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de ter chamado o ministro do STF Alexandre de Moraes de canalha durante as manifestações golpistas realizadas no feriado de Sete de Setembro em 2021. Em entrevista que durou 40 minutos, o candidato à reeleição também negou que tenha cometido erros na gestão da pandemia de covid-19, atribuiu problemas da economia a fatores externos, evitou certas respostas e rebateu os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos em diversas ocasiões.
O presidente levou algumas anotações na mão, no entanto, não as usou. No fim, disse que o tempo tinha passado rápido. Ele afirmou que eleições “limpas e transparentes têm que ser respeitadas” e pontuou que governar sem o Centrão seria agir como “ditador”. Questionado logo na primeira pergunta pelo apresentador William Bonner sobre os ataques que teria feito aos ministros do Supremo Tribunal Federal, incluindo xingamentos, Bolsonaro chamou de “fake news” a afirmação de que ofendeu ministros. Ele foi desmentido logo depois pelo apresentador da TV Globo.
“Você não está falando a verdade quando fala xingar ministros. Não existe. Isso não existe, é um fake news da sua parte”. Bonner rebateu: “O senhor começou sua resposta afirmando que eu tinha cometido fake news. Em nome da verdade, candidato, o senhor xingou ministros do Supremo de canalha, você fez isso com microfone”. O encontro entre o presidente e os apresentadores do telejornal mais popular do país foi assunto nas redes sociais. Quando ficaram frente à frente, o telespectador viu Bolsonaro com cenho franzido. Bonner mantinha a calma ao falar e pareceu à vontade. Mas em algumas intervenções o apresentador pareceu irônico. O comportamento irritou bolsonaristas que se manifestaram pelas redes sociais. Outra característica da entrevista foi o candidato à reeleição falando ao mesmo tempo que o jornalista.
Em outra parte da entrevista, o presidente foi questionado a respeito dos apoiadores que defendem fechamento do Congresso Nacional e do STF. Ele alegou que essas pessoas estão exercendo sua liberdade de expressão e não condenou o comportamento. “Quando alguns falam em fechar o Congresso é liberdade de expressão deles. Eu não levo para esse lado, e para mim isso daí faz parte da democracia. Não posso é eu ameaçar fechar o Congresso. Ou o Supremo Tribunal Federal”. Sobre as urnas eletrônicas, o presidente não quis assumir o compromisso de que vai respeitar o resultado das eleições. Ele preferiu repetir o discurso que coloca em dúvidas o sistema de votação brasileiro. Citando um suposto inquérito da Polícia Federal, o mandatário afirmou que hackers ficaram dentro do TSE por mais de meio ano.
Mesmo diante da insistência de Bonner em arrancar o compromisso de que aceitaria o resultado das urnas, Bolsonaro evitou fazer declaração neste sentido – e impôs, indiretamente, condição para isso. “Serão respeitadas as urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Como você diz que são auditáveis e em 2014 não aconteceu isso?”, polemizou. Em outro trecho da entrevista, o presidente, ao ser cobrado sobre promessas de campanha não cumpridas até agora, reagiu: “Primeiro, as promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos no ano passado e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia”. Ele continuou citando dados do governo federal que considera positivos, como a queda do desemprego, citou o auxílio emergencial e a redução no preço dos combustíveis. À certa altura, Bolsonaro afirmou que fez uma das melhores gestões da pandemia do mundo. “Raro o país no mundo que fez o que fizemos”, falou o presidente. (Com UOL Notícias)