O candidato a presidente da República Ciro Gomes, do PDT, prometeu criar uma “lei antiganância” por meio do qual o cidadão que pagar o equivalente a duas vezes sua dívida teria seu débito saldado. Na prática, a proposta poderia significar um tabelamento do crédito, embora Ciro não tenha detalhado sua ideia, apresentada no minuto final da entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, na noite de ontem, 23. Logo após o programa, sua campanha divulgou nota na qual afirma que a lei pretende proteger o povo do abuso dos juros em empréstimos bancários.
– O Brasil cobra há anos os juros mais altos do mundo. Isso explica por que quatro bancos brasileiros estão entre os mais lucrativos do mundo. Vou dar um basta nisso criando a Lei Antiganância. Ela vai proibir os bancos de cobrarem mais de duas vezes o valor de um empréstimo ou de uma dívida que as pessoas têm no cartão de crédito ou no cheque especial. Ou seja, se você pegou R$ 100 e já pagou R$ 200, a dívida fica automaticamente quitada – disse Ciro em nota. Segundo ele, esse tipo de lei já existe, por exemplo, na Inglaterra. “Aqui no Brasil, obrigam as pessoas a pagar até mais de dez vezes uma dívida. Por que não pode haver controle de juros e multas exorbitantes no Brasil?”, questionou o candidato.
E mais: “Vou olhar para quem tem pouco, libertando as pessoas da escravidão por dívidas”. Ciro foi sabatinado por William Bonner e Renata Vasconcellos nos estúdios da Globo no Rio de Janeiro por cerca de 40 minutos. Ele também defendeu unificar benefícios como a aposentadoria rural, o seguro desemprego, o BPC e todos os programas sociais como o Bolsa Família e Auxílio Brasil em uma renda mínima. Afirmou que o objetivo é incluir essa renda na Previdência Social, o que daria segurança constitucional aos contemplados. O programa de renda mínima, batizado em homenagem ao vereador petista Eduardo Suplicy (SP) é o carro-chefe da campanha de Ciro Gomes e pretende pagar cerca de R$ 1.000 mensais a cerca de 60 milhões de pessoas. O candidato também prometeu proteger a Zona Franca de Manaus e afirmou que a melhor maneira de evitar o desmatamento da Amazônia é dar alternativas econômicas aos moradores da região. Sobre o plano de gerar cinco milhões de empregos, afirmou que as vagas virão da retomada de obras paradas, de contenção de encostas e de infraestrutura de saneamento. Apesar de estar estacionado em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PDT pretende manter a estratégia de se colocar como alternativa à polarização política entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) que lideram a disputa.